sexta-feira, fevereiro 01, 2008

MATARAM O REI!!!

E já lá vão 100 anos embora ainda haja gente que não saiba ou, pior ainda, nunca lho ensinaram.
Hoje perdi muita da consideração que tinha pelos órgãos do nosso estado e pelos nossos representantes políticos, principalmente pelos partidos de esquerda. Foi chumbado na Assembleia da República uma proposta do CDS-PP que consistia dum voto de pesar pelo assassinato d'El-rei D. Carlos e do Príncipe Luíz Filipe há precisamente 100 anos. Toda a esquerda se insurgiu contra, com expressa prontidão e repugnância que dificilmente teriam se a mesma proposta fosse para o "Sr. Presidente do Conselho"! A proposta terá parecido de tal maneira ofensiva à Nação e absurda aos olhos dos que se dizem defensores da democracia, que os PS, PCP e Bloco de Esquerda não hesitaram em espingardar pelas vozes de Alberto Martins, António Filipe e Fernando Rosas, 3 dos seus mais eloquentes e destacadíssimos deputados, respectivamente. A polémica foi de tal modo que este último, historiador, deputado e fumador de cachimbo (quiçá com ervas ilícitas tais são as suas intervenções no Parlamento) disse mesmo que não compete às instituições do Estado fazer interpretações da História. Esta intervenção, eu proponho-a já como uma das melhores piadas do ano. Gostaria eu então de perguntar a Fernando Rosas porque se celebra o 25 d'Abril, o 1º de Dezembro, o 1º de Maio, já para não falar do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, ou mesmo do 5 d'Outubro, Dia da Implantação da República, quando podia muito bem ser esse o dia de Portugal já que foi na mesma data que se firmou o Tratado de Zamora, documento que definiria Portugal como um estado independente????
Antes de ser um acontecimento marcante a nível político, o Regicídio foi pura e simplesmente um assassinato covarde, brutal e sem fundamento. Os Republicanos, que se consideram mais democratas que os monárquicos assim como Os Verdes se consideram mais ambientalistas que uma petrolífera, deviam reflectir no seguinte: o sistema que hoje governa um país com mais de 8 séculos de história surge na ressaca de um acto cruel, sanguinário e reaccionário, que mais que desviar um político do seu cargo, ceifou 4 vidas humanas. A cobardia presente há 100 anos nos elementos da Carbonária que perpetraram tal hediondo crime, revelou-se hoje no Parlamento tão propriamente designado de Assembleia da República, seja lá o que isso for, essa República!
A República, diz que é um sistema de governo, advoga que o Estado é laico, embora haja uma catrefada de feriados religiosos, curiosamente todos segundo o calendário da Igreja Católica. Os representantes e legisladores dessa República, acham na sua maioria que as instituições do Estado não devem interpretar acontecimentos históricos, mas para além dos feriados referidos há dois parágrafos atrás, quantas vezes, e por quantos democratas republicanos de inegável carácter e idoneidade se faz representar o Estado em cerimónias evocativas de datas históricas ao longo de todo o ano? Consta-me que a invasão de Timor pela Indonésia, a 7 de Dezembro de 1975 pelas mãos do recém falecido Suharto foi interpretada pela República Portuguesa, quiçá mal interpretada visto que só passados quase 30 anos esse mal foi desfeito, mas que houve ali alguma pitada de interpretação houve... Parece-me que também há da parte da República Portuguesa a seguinte interpretação do 1º de Dezembro: "Dia em que pusémos os espanhóis no seu lugar: Espanha!". Já a do 25 d'Abril pode ser uma de várias como por exemplo "Dia da Liberdade - derrubámos a Ditadura que existiu e nos asfixiou durante 40 anos!" ou "Dia em que a malta da tropa apareceu em Lisboa para uma parada militar, beber uns copos com os amigos e passear de cravos enfiados nas metralhadoras enquanto pedia delicadamente ao Prof. Marcelo para pedir desculpa e sair de fininho sem bater com a porta!" ou "Dia que vem a seguir ao 24 do mesmo mês..."! Enfim, as interpretações, são, parecem-me, coisas tão subjectivas e ambíguas que é melhor nem nos arriscarmos a interpretar aquele acto de disparar uma arma nas costas de uma pessoa, porque assim de repente nem sei se isso poderá ser considerado crime, visto não estar assim interpretado em relação a outros acontecimentos parecidos ao longo do curso da História...
Agora que a ASAE está tanto em voga, faço aqui o apelo para averiguarem seriamente as eventuais interpretações dos deputados da Assembleia da República, porque se é coisa que estes senhores não devem fazer é interpretar. Eu por mim interpretava-lhes era o ordenado. Mas como eu não sou deputado e nem pretendo sê-lo a curto prazo, aqui vos deixo alternativas ao título deste texto, para a vossa interpretação não ficar limitada à minha: "MATARAM O REI!!!"; "MATARAM O REI, O PRÍNCIPE, E FERIRAM O OUTRO!"; "Tiraram a vida do Rei assim como quem não quer a coisa, taditos dos senhores da Carbonária..."; "O REI ATRAVESSOU-SE NO CAMINHO DE UMA BÁLA - E diz quem viu que nem sequer pediu licença nem desculpa..."; "A malta andava aos tordos no Terreiro do Paço e diz que sem querer acertaram no Rei!". AVÉ!