sexta-feira, julho 28, 2006

Vacances=Treinos

Primeiro que tudo, e porque se há pessoa que merece é ele, PARABÉNS CARAPINHA! E tal... desculpa não ter podido corresponder ao convite mas sabes como é, a Xôtora não pode estar sozinha por estes tempos. De qualquer das maneiras já me apanhaste! Sacana! Mas não faz mal, depois pagas uma mine, e quem diz uma diz... hummm... 56! Ups, não era para dizer!
Depois, serve o presente para afirmar que já estou, oficialmente, de vacances! Olarila! Consequentemente, começa a época dos treinos. De muitos tipos de treino: treino do dolce fare niente, treino das mines na esplanada (treinos duros estes, que exigem muita experiência e concentração), treino dos piropos às bifas nos Al-garbes, treino da fotossíntese p'ra ficar com um bronze assim à Obikwelu ou quase, e treino a sério, pois sim!; que manter este corpinho não é fácil, pensam o quê? E porque como eu sou um cromo do piorio, que quando tem mais que fazer não lhe apetece fazer rien e quando não tem nada que fazer não consegue estar quieto não se admirem se o IMPERIVM ficar em stand by ok? Devo estar p'raí a inventá-las! Boas férias minha gente, e bom trabalhinho para quem não as goza. Lembrem-se sempre: fortalece o carácter! ;) AVÉ!

terça-feira, julho 25, 2006

Pobre de mí! Se ha terminado San Fermín!

YA FALTA MENOS! Para as San Fermín do próximo ano, como é óbvio! Todos os anos, de 6 a 14 de Julho, realizam-se em Pamplona, na região Navarra de Espanha, as festas em honra de San Fermín, ou São Firmino, versão brasileira Herbérti Ritxardes! E não, para os incultos ou simplesmente ignorantes acerca do caso, NÃO são as festas da Tomatina! Não é nas San Fermín que fazem as batalhas com tomate. Isso é lá prós lados de Valência, e consta que há uns anos uma freguesia de Almeirim tentou fazer o mesmo mas sem sucesso. Adiante.
Não vou aqui dar uma lição de história, até porque corria o risco de fazer (como noutros esgaravutanjos) asneira. Vou simplesmente dar um lamiré do qu'est qui se passe during as celebrações em honra do dito San Fermín. Mas parece-me que ele ou era de lá ou foi lá parar, assim tipo Santo António de Pádua era de Lisboa e foi dar nome a uma cidade do Texas, vá lá a gente perceber isto.
As festas começam oficialmente às 12 horas do dia 6, com o Txupinazo, um foguete lançado da varanda da Alcadia, do Ayuntamiento, ou de lá como se chamam os Paços do Concelho lá da zona. A título de curiosidade, ficam a saber que Pamplona tem uma Alcaida e não um Alcaide, mas cujo nome não vos sei dizer qual é. Quando o foguete faz PUM!, é o terror: começa uma semana de "bubdêras" e toiros, que volta e meia alternam com toiros e "bubdêras". Convém saber quando se há-de desafiar o quê senão o resultado pode ser desastroso.
Durante a semana das festas a animação na cidade é mais que muita, com actividades e rituais vários que são hoje, mais que uma celebração, um cartão postal da cidade e, simultaneamente, um acto de boas-vindas aos milhares de visitantes que lá se deslocam nesta altura do ano. De todos, o mais famoso e simbólico ritual é, claro, el encierro. O encierro mais não era que o transporte dos toiros que serão lidados na corrida da tarde, dos currais fora da cidade, onde se encontram, até à praça. Claro que há uns anitos valentes camiões era coisa nunca vista, convém lembrar. O resto foi obra da constante necessidade humana de desafiar o perigo, ou seja, a malta começou a curtir correr à frente dos bichos e tornou-se moda fazer isso todos os anos. Escusado será dizer que volta e meia há um que fica espetado nos cornos de um toiro mas isso são pormenores, normalmente acontece aos americanos que vão para lá armados ao pingarelho e com a mania que são o Hemingway.
Todos os dias de manhã os toiros são soltos dos Currales del Gas direitos à Cuesta de Santo Domingo e atravessam o recorrido. Esta é considerada a parte mais perigosa, os toiros saiem rápido e não há por onde fugir, só mesmo para a frente. Sensivelmente a meio de Santo Domingo encontra-se a imagem de San Fermín a quem os mozos rezam antes do encierro: "A San Fermín pedimos, por ser nuestro patrón, nos guie en el encierro, dandonos su bendición!". Repetem a reza uma vez, e voltam a fazê-lo mais duas vezes, com poucos minutos de diferença, imediatamente antes das 8. Às 8 soltam um foguete assinalando a abertura dos currais. Com cerca de 800 metros, o recorrido demora cerca de 3 minutos e meio a ser feito até à Praça de Toros. Por vezes, porém, e quando as coisas dão para o torto pode chegar aos 10 minutos e mesmo ultrapassar esse tempo. Passando por Santo Domingo, em frente à Plaza del Ayuntamiento, seguem pela Mercaderes ao fim da qual há a famosa curva Mercaderes-Estafeta onde quase sempre os toiros derrapam e caem e onde os corajosos fotógrafos têm o seu spot favorito. A parte de dentro desta curva é também, segundo os teóricos, o ponto mais seguro para los mozos que correm o encierro, pois se os toiros derrapam e vão sempre de encontro a uma protecção do lado de fora da dita (depois ainda dizem que os aficcionados não se preocupam com a saúde e bem-estar dos animais). Ao fim da Calle Estafeta há a última curva do recorrido, a Telefónica (a PT de Espanha) que é também um dos pontos mais perigosos: os toiros e as pessoas já vão cansados, a manada já se terá separado e há muita gente à entrada da Praça de Toiros. Passado o Callejón, a entrada Praça em si, e recolhida a manada nos curros, termina o encierro. Depois soltam-se uma vaquitas para os mais temerários ainda poderem dar uns recuertes e levar uns cuertes (na pele, pois claro). Atrás dos toiros vão sempre uma meia dúzia de elementos da organização, pessoas experientes e com muitos encierros nas pernas: os pastores. O seu papel é "marcar" as pessoas que tenham comportamentos perigosos (um paradoxo, bem sei) ao correr, como por exemplo correr demasiado perto da cabeça dos toiros ou tocar-lhes nos cornos. Essa "marcação" é feita através de uma grande vara que transportam consigo. Uma bela vergastada nas costas e é garantido e com factura que esses nunca mais se esquecem do que devem ou não fazer! Com os toiros vão também os cabrestos, que servem para os guiar, e que são os mesmo de uns anos para os outros para saberem o caminho. Isto não é brincadeira, é a sério e é a razão por que os só os toiros e nunca os cabrestos derrapam na curva Mercaderes-Estafeta.
E pronto, é assim durante 7 dias. Só as mais prestigiadas ganaderias são convidadas para levarem os seus toiros para as corridas de Pamplona. Alguns exemplos são Guardiola Fantoni (reponsáveis por cerca de 30% das mortes) , Álvaro de Domecq, Cebada Gago (causadores de um quarto do número de cornadas), Torrestrella, e o temidos Miúra, entre outros. Curiosamente, os toiros mais perigosos nas lides, quase todos com mais de 600 Kg e com um astado com mais de 1m de envergadura, na maioria dos casos, são considerados os toiros mais seguros para correr o encierro, tal a nobreza e o sentido que os Miúra possuem, nunca mirando os mozos com maldade. A maior parte dos feridos deriva da grande quantidade de pessoas que corre com estes toiros. Em mais de 100 anos só provocaram um morto!
As festividades terminam oficialmente às 24 horas do dia 14, quando a população se junta na Plaza del Ayuntamiento para cantar o Pobre de mí!, enquanto as Peñas, grupos/associações de aficcionados festejam nas suas respectivas sedes. Isto é só um apontamento do acontecimento anual que com mais expectativa aguardo. Se quiserem saber mais sugiro-vos que visitem o site www.sanfermin.com .
E sim, bem sei que o post já vem um bocado atrasado mas que querem? Época de exames e tal...
YA FALTA MENOS! AVÉ!

sexta-feira, julho 21, 2006

Eles andem naí...

E quem são "eles" perguntam-me. "Eles", ou "ele" até podem ser "elas" ou só uma "ela". O que eu sei é que pertence ao SITEE (Serviço Integrado de Transportes e Estacionamento de Évora) e que têm uma pontaria louvável. Passo a explicar:
Não concordo com o trânsito automóvel dentro das muralhas de uma cidade como Évora, considerada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, a não ser em casos excepcionais como os residentes e o Hospital do Espírito Santo. Mais: concordo inteiramente que, havendo trânsito automóvel, o estacionamento destes deva ser pago, e bem, de modo a desencorajar os motoristas a levar os seus carros muralhas adentro. O argumento barato e pouco convincente de que não há uma rede de transportes públicos à altura não faz sentido: deixando de haver trânsito automaticamente a eficiência dos transportes públicos aumentaria exponencialmente! Concordando com tudo isto, não quer dizer que, correndo os riscos intrísecos, me disponha a pagar. Logo sou multado. DUAS VEZES DE DUAS POSSÍVEIS!! Funcionará o sistema ou será perseguição?? É completamente consciente disso mesmo que não meto uma única moeda no parquímetro! E que me predisponho a pagar as multas!
É a diferença entre responsabilidade e irresponsabilidade: consciente de que errei chego-me à frente para me penitenciar. Certo, porém, que o mais simples era cortar a possibilidade de errar pela raíz. Mas, "doravante e p'ró futuro", que nunca contem comigo para esse (mau) dever cívico de alimentar o parquímetro, antes sim para apoiar todas e quaisquer acções que sejam reclamar o uso de todos e quaisquer meios de transporte dentro daquelas muralhas excepto carros. AVÉ!

quarta-feira, julho 12, 2006

A César o que é de César

De maneiras que ontem a notícia do dia era se devia ser perdoado o IRS sobre os prémios de jogo aos jogadores da nossa selecção. Na minha opinião, isto é uma jogada de propaganda para animar as hostes depois da tristeza da eliminação e da derrota no "jogo da caridade". Tamanha sugestão só pode ser piada. Digna do Badaró, diga-se...
Estas conversas são tão, mas tão digna dos portugueses, que é impossível entoar este "tão" sem parecer gay! Perante todo o nosso potencial o que fazemos nós? À partida enterramos, criticamos, botamos abaixo, enfim, armamos em Velho do Restelo. Depois, quando as coisas correm (mais ou menos) bem, ou melhor que as tais expectativas derrotistas iniciais, armamos em humildes e festejamos qualquer coisinha com a qual tenhamos sido agraciados. Foi o 2º lugar no Euro 2004, agora o 4º no Mundial 2006, isto para só falar em futebol. A cidade de Espinho, por exemplo, deu os nomes de Miguel Maia e João Brenha a uma Avenida. Pelo amor de Deus!!! Os homens ficaram em 4º lugar nos Jogos Olímpicos! DUAS VEZES SEGUIDAS!!! NEM UMA MEDALHINHA! E isto depois de terem eliminado os favoritos! Típico. E se tivessem ganho? Davam o nome deles a um Aeroporto??? A um estádio?? Eram nomeados Presidentes da República??? Por favor...
Este conformismo mesquinho é típico de um povo cínico que proclama uma falsa humildade na altura de mandar os foguetes, fazer a festa e apanhar as canas. Quando isto não acontece, dá lugar a uma autocomiseração tradicional de gente pouco ambiciosa!
Então agora, o 4º lugar numa competição na qual os portugueses tinham capacidade de vencer, não obstante o extremo grau de dificuldade dos outros favoritos e o facto da história e a estatística jogarem contra nós, é caso para perdoar o IRS dos prémios aos jogadores! Jogadores já de si pobrezinhos. Concordo, afinal milionários são os do Badminton, Judo, Ginástica e afins. O Futebol não tem condições, apoios, patrocínios nem adeptos. Tadinhos. Proponho até uma isenção do IRS até ao final da vida para aqueles senhores poderem sustentar as famílias e os seus filhinhos. Estes ridículos ofendem-me na qualidade de português. Mas também, e tal como na hora de ouvir o hino antes dos jogos da selecção, me fazem sentir mais Tuga que nunca.
Num país que tem mais de 30 campeões do Mundo em modalidades tão diversas como Boxe, Judo, Ginástica, Tiro, Trampolins e muitas mais, vamos perdoar o IRS dos futebolistas. Estes desconhecidos são os verdadeiros campeões. Não têm ginásios próprios, nem transportes, nem centros de estágio com todas estas condições. Na grande maioria dos casos, são os próprios atletas que auto-sustentam a sua própria competição com um emprego normalíssimo, treinando com afinco nas horas vagas, em detrimento das horas de lazer "normais" de qualquer um de nós. Mas a esses campeões (já para não falar nos atletas Parolímpicos) não chegam os apoios do estado. Nem subsídios, nem prémios federativos, nem isenções fiscais.
Ontem, a SIC, numa reportagem ardilosa, entrevistou dois desses campeões. Uma ginasta da qual já não me recordo o nome (estão a ver, é tremendamente injusto para a rapariga) e o boxeur Bento "Algarvio". Os dois afinaram pelo mesmo de diapasão, nada de espantoso. Mais do que prémios monetários ou isenções fiscais, do que gostariam era o reconhecimento do seu país. Reconhecimento que conquistam internacionalmente e que não têm na sua própria terra. E apoios logísticos é claro, condições de treino, fundos de apoios, etc... A SIC, como qualquer meio de comunicação social, com o dom da manipulação (isto é só uma afirmação objectiva e nenhum tipo de insinuação) até passava a imagem da Santa Casa da Misericórdia. Mas como meio de comunicação social é tão culpada pela condição daqueles campeões como o Estado ou os patrocinadores fuínhas que não se chegam à frente para apoiar os campeões. Afinal teriam o nosso reconhecimento se nós tivéssemos conhecimento dos seus feitos! Se estivessem exposição. Nos meios de comunicação, lá está. Mas os nossos media, continuam a achar mais importante as bolhas dos pés do Ronaldo do que os triunfos internacionais de atletas cegos, sem braços e sem pernas. E não estou a ser sarcástico. É a típica lei da oferta e da procura mas ao contrário. Quanto a mim não se deveria aplicar na comunicação! Numa aula este semestre, tive uma discussão com uma professora acerca de pescas: ela dizia que os pescadores pescavam os que as pessoas compravam, eu digo que as pessoas compram o que os pescadores pescam. Posso ser acusado de minimalismo mas é assim. Nestes casos a galinha nasce primeiro que o ovo. As pessoas vão ao supermercado COMPRAR, não ao Oceano PESCAR!
Enfim, perdoem lá o IRS aos senhores que não é nada que me surpreenda. Na volta a mesada que a minha mãezinha me dá também leva com o IRS e eu não sei... foda-se!!! AVÉ!

terça-feira, julho 11, 2006

A long long time ago...

Este post não era para se tornar real. Ou, no mínimo, oficial. Era daqueles que à nascença nunca sairia da pasta quanto mais saltar para a net. No seu lugar queria escrever qualquer coisa acerca das San Fermín. Mas como isto da vida é tudo uma questão de timings, nesta data só poderia escrever sobre isto que estou escrevendo. É que fez na noite passada um ano que cometi a segunda maior asneira da minha vida. A segunda sim, e embora grande, a anos-luz da maior. E tudo começou, no entanto, na semana anterior quando recebi uma SMS tão inesperada quanto reveladora. No dia seguinte uma ainda mais reveladora. Lembro-me como se fosse ontem, a primeira recebi-a quando estava em casa do Samuel com mais pessoal a ver o DVD do festival de stand up comedy que o meu irmão organizou. A segunda, recebi-a estava eu sentadinho na esplanada da Delta, no Fórum, a curtir a minha pausa do trabalho. Foi o começo de um hábito. Nesse instante ocorreu-me um pensamento claro, lógico e certeiro como nenhum outro. Qualquer coisa como «Dia D, Hora H. Local X» e já sabia o que iria acontecer. É uma sensação engraçada, daquelas sem que muitas pessoas não conseguem passar mas que eu só aturo como um mal necessário, no fundo um meio para atingir um fim. Mas admito que nessa altura achei muita piada e curti muito a situação...
E foi exactamente no dia, hora e local que eu previra que fiz essa grande asneira: envolvi-me com a pessoa errada. E asneira porquê? Na altura não tive a frieza de pensar como hoje. Na única e primeira vez que resolvi dar ouvidos aos meus amigos não o deveria ter feito. Além disso ignorei também outras opiniões que na altura entendi como preconceituosas. Hoje penso que, sendo ou não, nenhuma delas fugia à realidade.
E lá andava eu, embrenhado no meu trabalhinho, e dividindo-me entre umas férias que não o eram e uma válvula de escape que acabou por ser mais que isso... até rebentar.
E porque eu não sou pessoa de dar demasiada importância a certas coisas, outras há que, por muito mal que me façam faço questão de recordar. Porque é com os erros que se aprende e porque fugir aos problemas não os resolve. Então cá estou eu passado um ano a relembrar essa bela asneira. Como prémio de consolação ou, quiçá, auge de requintes sádicos de malvadez, a única coisa que recordo que acho que valeu a pena eram aquelas fodas... aquelas belas fodas. E nem isso, hoje, repetiria...

segunda-feira, julho 10, 2006

Finalmente!

Estive uns dias sem escrever. Queria ter escrito sobre uma data de coisas mas já me faltava a vontade. Vontade, assunto não. Tenho andado preguiçoso no que à escrita diz respeito e a disponibilidade também não tem sido muita. Queria ter escrito sobre a demissão do Freitas, a campanha da nossa selecção, o prémio que ganhei, enfim, uma data de coisas. Agora, e para retomar o ritmo, quero partilhar com os meus (in)fiéis leitores do IMPERIVM a minha mais recente aquisição. Uma das compras que mais gozo me deu nos últimos tempos...
Atenção: COMPREI UNS CHINELOS!!!
Ah pois é!! Confesso que estava em falta, principalmente para com os meus colegas. Afinal ser BMP e não usar chinelos é o mesmo que o Brasil sem o Roberto Leal, a Madeira sem o Alberto João e a TVI sem o Goucha! Simplesmente não se concebe a existência de um sem o outro. E então lá fui, com o "mãetrocínio" e adquiri um fantástico par de chinelos da Quicksilver! Espanto dos espantos, não é que aquelas coisas são confortáveis??? E agradam à vista?? Tudo a ver com o dono, pois então...
Já tenho a bike e os chinelos. Só me falta o cão. Mas esse já é mais complicado. Por norma, a malta ou tem rafeiros ou Pitbulls. Eu cá, não sei se já o referi, gosto é mesmo de Rottweillers. Mas não estou a ver a D. Manuela a subir ao primeiro andar para fazer limpeza e dar de caras com um. Nem a estar no café sossegadinho enquanto o meu animal de estimação estraçalhava os dos vizinhos e lhes deixava as entranhas espalhadas por Gambelas inteira. (Isto é um sonho que eu tenho...)
Enfim, agora vou é curtir os meus chinelinhos. E a cereja no topo do bolo é que não sendo de neopreno, deixo de estar na lista negra da CIA como produtor de armas químicas. Sim porque quando eu me descalço o gás Sarin parece uma brincadeira de Carnaval. AVÉ!!
PS: Pela primeira vez em 9 anos (a segunda fora de casa) que não vejo o Txupinazo ou Chupinazo e os encierros das Festas de San Fermín, em Pamplona. Mas, abençoada net que me satisfaz toda esta sede de aficción!!!

segunda-feira, julho 03, 2006

O gajo defende!


Já se passaram 48 horas. Queria ter escrito alguma coisa logo a seguir mas não havia condições. Era demasiada emoção. A história repete-se estou eu farto de dizer (e escrever) e depende de nós a maneira como ela o faz. Os beefs foram outra vez mais cedo para casa. Outra vez à custa de Portugal. Outra vez à custa de Scolari. Outra vez nos quartos. Mas o pior de tudo foi mesmo ter sido outra vez nos penáltis... e outra vez com Ricardo!
O guarda-redes do meu Verdão, como se ainda tivesse alguma coisa a provar, resolveu mais uma vez um jogo contra os ingleses e os críticos da selecção. É caso para dizer que desta vez a chapada foi mesmo de luva branca!
Em Gambelas City não se via vivalma na rua. No Monte Branco, completamente apinhado, estavam rostos nervosos de olhos postos no televisor. Não cabia uma mosca. Bebiam-se minis e fumavam-se cigarros uns atrás dos outros. Uma barulheira ensurdecedora. Havia os que beberam de mais e iam estragando a festa, os que preferiam nem ver, os que estavam a trabalhar, os que nem portugueses eram, os pessimistas para quem tudo é mau e mal feito e os optimistas cuja fé inabalável e absoluta confiança tentavam sempre transmitir à malta. Nestes poucos encontrava-me eu.
Remates, desarmes, entradas duras, faltas, cartões, tudo servia para a malta se manifestar. Berrávamos, levávamos as mãos à cabeça, pregávamos um murro na mesa, soltávamos um palavrão, fazíamos uma careta de desepero, pedíamos mais uma mini, acendíamos mais um cigarro. E isto durante 120 minutos. Acredito que perdemos muitos anos de vida nestas condições.
Depois o apito final. Os sempre temíveis penáltis. O esforço estava feito, agora seria uma questão de sorte. Mas será, de facto, assim? Eu acho que não. Aliás, eu tenho a certeza que não. Se fosse só sorte provavelmente não teríamos ganho. Quem joga uma hora com mais um e não consegue marcar um golo não pode confiar na (só) sorte. Depois vem a História. Perdemos há 40 anos com os ingleses e desde então nunca mais perdemos. Agora queremos o 4º take da vingança. Depois as superstições. Scolari já ganhara por duas vezes a Eriksson. Inglaterra nunca ganhou nos penáltis. Ricardo estava lá outra vez, etc...
Simão marca e coloca-nos em vantagem. A pressão está agora toda do lado britânico. «Este não falha» dizia uma voz atrás de mim. «Pois não! É o Ricardo que defende!» respondemos. É díficil descrever. É como se já soubesse que ia defender. Mas e se não? Mas defendeu. Lampard, um especialista, falhou. A moral e a confiança sobem em flecha. A dos ingleses faz o contrário. Mas Hugo Viana atira ao poste. E Hargreaves marca com Ricardo a tocar na bola e a não defender por pouco. Agora de que lado está a sorte? A força anímica também rodou 180º quando Petit atira ao lado. Se Gerrard marcar os beefs ficam pela primeira vez em vantagem. Mas Ricardo defende outra vez. Postiga marca e provoca 10 000 000 de suspiros de alívio. Todos receavam que cobrasse outra vez um penálti à Panenka. O guardião inglês, Paul Robinson, deve ter pensado o mesmo porque não se mexeu. Agora estamos de novo em vantagem e é notória a falta de fé do nosso adversário, sem ganas, sem vontade, sem raiva e sem concentração. Jamie Carragher, entrado no último minuto de propósito para os penáltis permite a terceira e última parada de Ricardo, o que constituiu novo recorde da competição. Coube a Cristiano Ronaldo sentenciar o destino inglês. Exemplarmente. Logo ele que tão criticado é pelos media britânicos. Carimbou o bilhete de volta dos beefs para a Velha Albion e o nosso passaporte para Munique.
A festa rebentou em todo o país. Mais um momento de dar largas à nossa satisfação. Volto a interrogar-me. Quantos povos, mesmo que dependendo da sua selecção de futebol, têm as oportunidades que nós Tugas tivémos nestes últimos dois anos para tomarmos as ruas de assalto com uma bandeira às costas a gritar pela glória (ainda que futebolística) da nossa Nação? Porque não o fazemos mais vezes? Mesmo com menos barulho, mas com mais trabalho? Enfim...
Depois foi esperar pelo adversário. Calhou-nos a França. Os que estão sedentos de vingança do Euro 2000 viram o seu desejo concretizado. Os outros que como eu preferiam o Brasil por todas as razões e mais algumas viram um escrete sem brilho a ir para casa merecidamente. Já ninguém se lembra quem são os campeões do mundo. Os únicos que podem repetir a façanha estão em Portugal: Luíz Felipe Scolari, Flávio Murtosa e Darlan Schnneider.
Agora que venham de lá esses "avecs" que nós estamos cheios de vontade de comer essas francesinhas, baguettes, croissants, bouillabaisses, foi gras, foundues e afins! AVÉ!