terça-feira, julho 25, 2006

Pobre de mí! Se ha terminado San Fermín!

YA FALTA MENOS! Para as San Fermín do próximo ano, como é óbvio! Todos os anos, de 6 a 14 de Julho, realizam-se em Pamplona, na região Navarra de Espanha, as festas em honra de San Fermín, ou São Firmino, versão brasileira Herbérti Ritxardes! E não, para os incultos ou simplesmente ignorantes acerca do caso, NÃO são as festas da Tomatina! Não é nas San Fermín que fazem as batalhas com tomate. Isso é lá prós lados de Valência, e consta que há uns anos uma freguesia de Almeirim tentou fazer o mesmo mas sem sucesso. Adiante.
Não vou aqui dar uma lição de história, até porque corria o risco de fazer (como noutros esgaravutanjos) asneira. Vou simplesmente dar um lamiré do qu'est qui se passe during as celebrações em honra do dito San Fermín. Mas parece-me que ele ou era de lá ou foi lá parar, assim tipo Santo António de Pádua era de Lisboa e foi dar nome a uma cidade do Texas, vá lá a gente perceber isto.
As festas começam oficialmente às 12 horas do dia 6, com o Txupinazo, um foguete lançado da varanda da Alcadia, do Ayuntamiento, ou de lá como se chamam os Paços do Concelho lá da zona. A título de curiosidade, ficam a saber que Pamplona tem uma Alcaida e não um Alcaide, mas cujo nome não vos sei dizer qual é. Quando o foguete faz PUM!, é o terror: começa uma semana de "bubdêras" e toiros, que volta e meia alternam com toiros e "bubdêras". Convém saber quando se há-de desafiar o quê senão o resultado pode ser desastroso.
Durante a semana das festas a animação na cidade é mais que muita, com actividades e rituais vários que são hoje, mais que uma celebração, um cartão postal da cidade e, simultaneamente, um acto de boas-vindas aos milhares de visitantes que lá se deslocam nesta altura do ano. De todos, o mais famoso e simbólico ritual é, claro, el encierro. O encierro mais não era que o transporte dos toiros que serão lidados na corrida da tarde, dos currais fora da cidade, onde se encontram, até à praça. Claro que há uns anitos valentes camiões era coisa nunca vista, convém lembrar. O resto foi obra da constante necessidade humana de desafiar o perigo, ou seja, a malta começou a curtir correr à frente dos bichos e tornou-se moda fazer isso todos os anos. Escusado será dizer que volta e meia há um que fica espetado nos cornos de um toiro mas isso são pormenores, normalmente acontece aos americanos que vão para lá armados ao pingarelho e com a mania que são o Hemingway.
Todos os dias de manhã os toiros são soltos dos Currales del Gas direitos à Cuesta de Santo Domingo e atravessam o recorrido. Esta é considerada a parte mais perigosa, os toiros saiem rápido e não há por onde fugir, só mesmo para a frente. Sensivelmente a meio de Santo Domingo encontra-se a imagem de San Fermín a quem os mozos rezam antes do encierro: "A San Fermín pedimos, por ser nuestro patrón, nos guie en el encierro, dandonos su bendición!". Repetem a reza uma vez, e voltam a fazê-lo mais duas vezes, com poucos minutos de diferença, imediatamente antes das 8. Às 8 soltam um foguete assinalando a abertura dos currais. Com cerca de 800 metros, o recorrido demora cerca de 3 minutos e meio a ser feito até à Praça de Toros. Por vezes, porém, e quando as coisas dão para o torto pode chegar aos 10 minutos e mesmo ultrapassar esse tempo. Passando por Santo Domingo, em frente à Plaza del Ayuntamiento, seguem pela Mercaderes ao fim da qual há a famosa curva Mercaderes-Estafeta onde quase sempre os toiros derrapam e caem e onde os corajosos fotógrafos têm o seu spot favorito. A parte de dentro desta curva é também, segundo os teóricos, o ponto mais seguro para los mozos que correm o encierro, pois se os toiros derrapam e vão sempre de encontro a uma protecção do lado de fora da dita (depois ainda dizem que os aficcionados não se preocupam com a saúde e bem-estar dos animais). Ao fim da Calle Estafeta há a última curva do recorrido, a Telefónica (a PT de Espanha) que é também um dos pontos mais perigosos: os toiros e as pessoas já vão cansados, a manada já se terá separado e há muita gente à entrada da Praça de Toiros. Passado o Callejón, a entrada Praça em si, e recolhida a manada nos curros, termina o encierro. Depois soltam-se uma vaquitas para os mais temerários ainda poderem dar uns recuertes e levar uns cuertes (na pele, pois claro). Atrás dos toiros vão sempre uma meia dúzia de elementos da organização, pessoas experientes e com muitos encierros nas pernas: os pastores. O seu papel é "marcar" as pessoas que tenham comportamentos perigosos (um paradoxo, bem sei) ao correr, como por exemplo correr demasiado perto da cabeça dos toiros ou tocar-lhes nos cornos. Essa "marcação" é feita através de uma grande vara que transportam consigo. Uma bela vergastada nas costas e é garantido e com factura que esses nunca mais se esquecem do que devem ou não fazer! Com os toiros vão também os cabrestos, que servem para os guiar, e que são os mesmo de uns anos para os outros para saberem o caminho. Isto não é brincadeira, é a sério e é a razão por que os só os toiros e nunca os cabrestos derrapam na curva Mercaderes-Estafeta.
E pronto, é assim durante 7 dias. Só as mais prestigiadas ganaderias são convidadas para levarem os seus toiros para as corridas de Pamplona. Alguns exemplos são Guardiola Fantoni (reponsáveis por cerca de 30% das mortes) , Álvaro de Domecq, Cebada Gago (causadores de um quarto do número de cornadas), Torrestrella, e o temidos Miúra, entre outros. Curiosamente, os toiros mais perigosos nas lides, quase todos com mais de 600 Kg e com um astado com mais de 1m de envergadura, na maioria dos casos, são considerados os toiros mais seguros para correr o encierro, tal a nobreza e o sentido que os Miúra possuem, nunca mirando os mozos com maldade. A maior parte dos feridos deriva da grande quantidade de pessoas que corre com estes toiros. Em mais de 100 anos só provocaram um morto!
As festividades terminam oficialmente às 24 horas do dia 14, quando a população se junta na Plaza del Ayuntamiento para cantar o Pobre de mí!, enquanto as Peñas, grupos/associações de aficcionados festejam nas suas respectivas sedes. Isto é só um apontamento do acontecimento anual que com mais expectativa aguardo. Se quiserem saber mais sugiro-vos que visitem o site www.sanfermin.com .
E sim, bem sei que o post já vem um bocado atrasado mas que querem? Época de exames e tal...
YA FALTA MENOS! AVÉ!

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é manito, o famoso post dos das Sanfermin. Havemos ainda um dia de hacer el recorrido desde el Ayuntamiento hasta la curva de Mercaderes con Estafeta (mas do lado de dentro claro está!!), increvermo-nos numa peña e dançar nos tendidos ao mesmo tempo que comemos um bocadillo enquanto se lida el quinto de la tarde. VIVA SANFERMÍN! GORA SANFERMÍN!

Pedro Roma