sexta-feira, setembro 28, 2012

Dias especiais em que os astros se alinham para a minha perdição!


Não tive, graças a Deus ou a qualquer outra força suprema, muitos dias destes na minha vida, mas na passada terça-feira dia 25 de Setembro vivi o derradeiro desses dias em que pensamos que estamos no enredo dum filme do Tarantino com a cor do Tim Burton e o som do Kusturica.

            É verdade, porém, que me pus a jeito. Aliás, o provoquei. Não há como o esconder. Poderia ter evitado tudo aquilo, mas caramba! Se não estamos cá neste mundo para viver à grande, estamos para fazer o quê? Meninos? Eu não!

            Tudo começou no final de Agosto quando um belo jantar entre colegas de trabalho provocou o agendamento do próximo jantar. A malta não perdoa. Quando as coisas correm bem demais, tem que haver nova oportunidade para descarrilar. Acho que é síndrome dos profissionais da aviação. Foi o começo do caos, o jantar marcou-se!

            O primeiro problema ipso facto aparece quando a data de um jantar, coincide com a de um dos mais queridos e estimados eventos que este vosso amigo frequenta por Faro: o Almoço de Cotas de BMP. Na terça-feira do desfile académico a tradição ainda é o que era: as bestas estão a ser praxadas, os mancebos não interessam nem à cona da mãe, e os Académicos estão a praxar as bestas pelo que o pessoal com 4 matrículas ou mais tem que se entreter, leia-se embubadar, de alguma forma.

            O almoço correu de modo algo diferente dos dos outros anos, mas o resultado foi o mesmo: aquela sensação estranha de irmos prós copos de óculos escuros! Tardada na baixa de Osonoba a saquear litronas de tudo o que era mercearia e ainda curtir um som e tirar fotos no final do desfile, de preferência com velhas guardas jeitosas de safios enrolados ao pescoço.

            Ainda tive que muito a contragosto dar uma perninha na derradeira praxe das bestunças BMPistas deste ano, o último afinal que terá essa honra, muito provavelmente. Foi o suficiente para quase ficar com uma lagriminha ao canto do olho que nem o Bonga.

            É claro que o ideal seria a tourada ficar por aqui, voltar pra casa, dormir uma sesta, tomar um banho e pôr-me (bem) cheiroso para o jantar que afinal oficializa a minha despedida do mais fantástico grupo de trabalho com quem já tive a oportunidade de conviver.

            O segundo problema é que a escassos cinquenta minutos do STD do evento, este camarada ainda deambulava pela Rua do Crime com outros camaradas BMP a degustar imperiais como se não houvesse amanhã.

            Uma boleia milagrosa e eis que este jovem alto forte e espadaúdo, já de novo nos eixos tortos da sua preenchida agenda social, faz um pit stop em casa só para tomar o já referido banho, desfazer a barba e reabastecer umas mines pró caminho até ao jantar com o seu pajem espanhol e uma odalisca das arábias.

            Ora bem, isto quando se chega a um evento desta magnitude já a travar na roda não é exactamente um bom presságio mas enfim. Negar-me é que jamais! O jantar decorreu então de maneira intensa mas em câmara lenta e aqui o je queimou o filme em muitas alturas pelo que perdeu grandes desenvolvimentos.

            Rezam as crónicas (as alheias porque eu não quero parecer demasiado parcial) infames e caluniosas que eu não me calei durante o jantar, a cantar para os fraquinhos beberem. Tudo em legítima defesa, porque houve claramente uma conspiração cuja finalidade constituía cantarem para mim sempre que eu não estava a cantar para os outros. Houve quem não compreendesse isso, o que denota uma clara falta de respeito por alguém que já tivera passado o dia a fazer check-in de muitas Super Bocks e Sagres!

            O esforço inglório de uma cabin crew para diminuir a turbulência desta minha “viagem” esbarrou num piloto que transportava com ele vergonhosamente um recipiente de dangerous goods que contaminou muito boa gente naquela sala. O resultado foi que só de lá saí quando me fizeram push-back e com a ligeira impressão de que tinha perdido o slot. A rotação no restaurante tivera sido um desastre!

            Após uma interessantíssima conversa da qual apenas resquícios ecoam nesta minha cabeça oca de discernimento, vá de nos metermos num charter direitos ao recinto da Recepção ao Caloiro.

            Aí o pânico estava instalado! Destroços de personalidades outrora sãs espalhados por todo o lado, sendo que o meu pajem espanhol estava aterrado depois de ter partido o trem de aterragem e colegas em transe como se tivessem sido raptadas por aliens ou se tivessem perdido no Triângulo das Bermudas! Nada bonito de se ver.

            Como cavalheiro que sou acabei a noite nos transfers dos duros e duras que se aguentaram estoicamente comigo.

            Pra rematar, e nas vésperas de passados 10 anos dizer um espero que até já ao Algarve, só quero dizer um muito obrigado sentido a todos quantos interagiram comigo nestas minhas experiências loucas, que foram a de frequentar a mais mítica licenciatura da instituição que é a UAlg e a mais louca equipa da melhor empresa do aeroporto de Faro. Hei-de trazer-vos comigo se não no coração ou na memória, garanto-vos que ficaram tatooados no fígado!


PS: Este artigo foi escrito ao abrigo do acordo ortográfico da IATA. Quaisquer dúvidas tenho a bondade de consultar um dicionário que eu não me vou dar ao trabalho de explicar a menos que peçam com jeitinho.