terça-feira, outubro 06, 2009

A FESTA BRAVA VOLTA AO REDONDO… PARA FICAR!!

No passado dia 5 de Outubro de 2009, feriado nacional embora pelas razões erradas, realizou-se mais uma corrida de toiros no renovado redondel redondense. Neste segundo espectáculo organizado pela recém criada Associação Tauromáquica Redondense, estiveram em praça os cavaleiros Rui Salvador, Marcos Bastinhas e o praticante Tiago Carreiras. Apresentou-se um curro de toiros sério, com idade peso e trapio como mandam as regras, da ganadaria Canas Vigouroux e cujas pegas estiveram a cargo os Forcados Amadores Académicos de Elvas e os Amadores do Redondo, capitaneados respectivamente por Ivan Nabeiro e João “Pepe” Santana. Abrilhantou a corrida a Banda de Música da Sociedade União Montoitense.
Não é o propósito deste texto fazer a crónica do evento, mas sim partilhar o meu ponto de vista pessoal da sua génese. Ao fim de muitos anos sem praça, devido aos já conhecidos problemas que entretanto foram (e bem) ultrapassados, o Redondo ganhou um novo élan de aficción, em cuja origem estão, e indelevelmente ligados, três entidades: Câmara Municipal de Redondo, Grupo de Forcados Amadores de Redondo, e Associação Tauromáquica Redondense.
A primeira porque conseguiu, passados demasiados anos, finalmente chegar a um entendimento com a Santa Casa da Misericórdia de Redondo, proprietária do imóvel, para renovar e modernizar um espaço que, embora nunca estando “velho” se encontrava num elevado estado de degradação, fruto do desinteresse de todas as partes que deveriam ser, aliás, as interessadas em que a referida degradação não acontecesse: Misericórdia, autarquia, empresários taurinos e, claro, a aficción que, embora nem sempre activa, nunca, como alguns pensam e fazem questão de bradar, deixou de existir. Ainda em relação à parte da autarquia, é de louvar o esforço, tanto financeiro como humano que os seus responsáveis, a começar pelo executivo, dedicaram a esta obra, que está longe de acabar e de se limitar ao “cimento”. Embora discutível o facto de nos encontrarmos em anos de eleições (mas também não é esse o propósito destas linhas), em boa hora os responsáveis da CMR concluíram humilde e modestamente que há na terra, pessoas responsáveis, competentes, com moral intocável e dedicadas o suficiente para abraçarem este projecto que é devolver, manter e no futuro elevar a aficción do Redondo ao primeiro plano da tauromaquia nacional.
Coube ao Grupo de Forcados Amadores de Redondo a primeira “pedrada no charco”. Numa fase menos boa devido a desentendimentos com um poderoso empresário taurino cuja deliberada má fé despoletou o mais que injusto expulsar da Associação Portuguesa de Grupos de Forcados e a consequente limitação dos espectáculos a que estariam autorizados, o GFAR viu, com o arranque das obras na antiga Praça de Toiros Simão da Veiga Jr., uma oportunidade para mudar de rumo e virar uma página que não tinha sido desejada na história do Grupo. Muitas vezes sentindo-se desamparados e desiludidos com a falta de apoio da autarquia a este valoroso grupo de jovens que têm como único objectivo participar na mais romântica das sortes da festa brava, os Amadores do Redondo temeram que, mais uma vez como tantas outras no passado, a gestão taurina do novo Coliseu fosse entregue a um empresário que não cumprisse com os pressupostos que são os da festa brava: atrair e criar aficción, proporcionar grandes espectáculos desta arte única no mundo e característica da nossa identidade nacional enquanto povo e, é claro e o mais importante nos corações dos elementos do GFAR, ter a oportunidade de actuar na “sua” casa num evento ao nível do que de melhor se faz nos mais prestigiados redondéis do país. E nascia assim, numa reunião informal no nº 4 da Rua 5 de Outubro, a futura Associação Tauromáquica Redondense…
O núcleo duro do GFAR, composto pelos alguns dos seus fundadores e elementos mais dedicados e apaixonados, decidiu assim partir numa aventura, que haveria de contagiar, e de que maneira, aqueles a quem decidiu oferecer um pequeno “presente envenenado”: a responsabilidade de organizar e gerir os eventos taurinos no ainda por vir Coliseu de Redondo. Os critérios foram claros, teriam que ser pessoas não simplesmente aficcionadas mas apaixonadas pela festa brava, amigas do Grupo e completamente despojadas de interesses pessoais no âmbito da tauromaquia. Foram assim convidadas quatro pessoas, sendo que João Santana, como Cabo do GFAR, estaria, por inerência na futura ATR. Essas quatro pessoas, Miguel Capinha Alves, Maria Angélica Palmeiro, José Rilhas e o vereador José Portel (indicado pelo Presidente da Câmara Municipal de Redondo, Alfredo Barroso que devido a incompatibilidades de agenda declinou amavelmente o convite), constituiriam assim, com o já mencionado João Santana a Associação Tauromáquica Redondense!
Não se pode dizer que tenha sido um parto difícil, tal era a vontade e as ganas de colocar o Redondo definitivamente no mapa taurino nacional, mas nestas coisas não há nada de fácil, e mais do que contra a inércia, foi preciso lutar contra muita opinião infundamentada, desinformação e pura e simples maledicência gratuita.
Muitos “abutres” apareceram querendo servir-se do que seria, sem dúvida, um “bolo” apetitoso mas que, graças a criação, iniciativa e dinâmica da jovem ATR, será um espaço de, para e pelas gentes do Redondo. A todas essas campanhas e tentativas de sabotagem a ATR não só resistiu como se fez mais forte, respondendo, quer com a organização do seu primeiro evento por ocasião das Festas Populares/Ruas Floridas09 em Agosto mas sobretudo com a realização do seu segundo evento, a recuperação da tradicional corrida de toiros por ocasião da Feira de S. Francisco, com sucessos indesmentíveis! A prova está no agendamento do seu terceiro evento, aguardado já com bastante expectativa e entusiasmo por parte dos mais diversos quadrantes da aficción, dia 1 de Novembro, para encerrar a época taurina, de uma corrida de toiros mista, com os “Reis das Bandarilhas” Joaquim Bastinhas, Luís Rouxinol (vencedor do troféu Simão da Veiga Jr. em Agosto) e do matador Luís Procuna, com toiros de Francisco Luís Caldeira e pegas a cargo dos forcados da terra.
Parece que finalmente a FESTA BRAVA VOLTOU AO REDONDO… E PARA FICAR!