domingo, março 18, 2007

Sound In Light/Light In Sound

Foi na Aula Magna da Universidade de Lisboa dia 15 de Março pelas 22 horas, a apresentação do novo álbum dos Blasted Mechanism Sound In Light/Light In Sound. O espaço poderá não ser o melhor para um tipo de concerto que, embora intimista, é também convidativo ao extravasar de emoções e sentimentos a que a música da banda mutante nos transporta nesta sua nova viagem. Muito dançar, pular e braços no ar portanto. Num espaço académico, a tradição do quarto de hora académico foi cumprida a dobrar mas ninguém reclamou por isso. A tensão sentiu-se na pele de cada um dos presentes na sala ao baixar das luzes e iniciar da Intro, e quando Winga entrou em palco e, de costas para o público, imediatamente começou a marcar o ritmo num gigantesco tambor, logo um coro de vozes sedentas de novas sonoridades ecoou naquele espaço cheio de mística enriquecida por grandes e históricos concertos aos quais o desta noite não seria excepção.
Seguiram-se a Winga, o percussionista, Zymon e Valdjiu, os guitarristas, Ary, o baixista e produtor do novo disco, Sinc, o baterista e, finalmente, Karkov, o rosto mais (in)visível da banda, autor e vocalista dos temas surreais dos Blasted. Ainda não tinham começado o concerto e já o povão estava ao rubro. O principal motivo era o consumar da expectativa em redor dos novos fatos: o de Valdjiu, inspirado numa cobra capelo, o de Zymon numa tarântula que mais faz lembrar o AlienVsPredator, e o de Karkov que remete para os soldados imperiais de Star Wars eram complementados na perfeição pela "libélula" de Ary, a "louva-a-Deus" de Sinc e a máscara tribal de Winga. Mas isto é uma mera interpretação leiga, o seu verdadeiro significado só os verdadeiros artistas poderão, ou não, revelar...
Para abrir em beleza e com a parada alta, seguiu-se à Intro o primeiro single deste novo trabalho: All The Way. A mensagem forte mas clara, a musicalidade de influência oriental-cósmica, baseada nos trinados da cítara e numa electrónica suave mas personalizada conjugada com a inconfundível porém descontraída voz de Karkov deixam adivinhar um belo futuro para o 4º álbum de originais do grupo que veio de outra galáxia.
Uma das características chaves para o sucesso dos Blasted Mechanism é a diferenciação entre os discos gravados e os espectáculos ao vivo. Nos CD's temos música "ouvível", moderada e de encontro a todos os gostos, ou, pelo menos, sem motivos para preconceitos de estilos (quem consegue comparar a versão do Plasma de Karkov com o que a banda interpreta no palco?) que se pode ouvir em casa, no carro, com a namorada ou no Ipod. Ao vivo, a metamorfose só não é total porque eles são realmente "assim" mas o potencial de comunicação com o público eleva-se exponencialmente e colocam banda e fãs numa invulgar e pouco vista harmonia: dança-se, pula-se canta-se, atinge-se o Nirvana e comunica-se num silêncio barulhento que nos leva a um orgasmo melódico de sonoridades indescritíveis.
Os dados estavam lançados - Alea jacta est, diria Júlio César - e ambas as apostas, da banda e do público, já ganhas. E ainda a procissão ia no adro. E porque recordar é sempre bonito, não obstante o principal atractivo da noite serem os novos temas, Karkov, Valdjiu & Cª lá nos iam brindando com o que de melhor fizeram nos últimos anos, nomeadamente com os temas Are You Ready e I Believe (que cena surreal, ouvir/ver Karkov a dar as vozes em Japonês no meio do riff deste último) do álbum Namaste; e Blasted Empire e When The Sun Goes Down do penúltimo Avatara. E se os Queen têm o We Are The Champions, os Rolling Stones o Satisfaction, Carlos Santana o Black Magic Woman e o Oye Como Va e Michael Jackson o Thriller e o Bad, quem ouve o nome Blasted Mechanism associa mais automaticamente que o cão do Pavlov às pioneiras músicas The Atom Bride Theme e Karkov que, obviamente, não faltaram. Para certos fãs, nos quais me incluo, só faltaram mesmo os também já velhinhos Swinging With The Monkeys e Oh Landou para a noite ser mais perfeita que a Super Bock mas festa é festa e a cavalo dado não se olha o dente.
Misturadas nestas, mas não camufladas, as novas músicas foram aprovadas por unanimidade, principalmente URU, Battle Of Tribes e Total Rebellion, em que por breves instantes de delírio me pareceu ver Till Lindemann em palco a cantar algo como Links 2,3,4!. É muito giro ver a reacção do público num concerto destes. Quem assiste a este tipo de concertos são os fãs mais sérios e próximos das bandas, e se por um lado serão também os mais exigentes, por outro serão os que mais dispostos estarão a entrar na onda que os seus ídolos lhe reservam. Este não fugiu à regra e os fãs absorviam nos primeiros segundos de cada nova música o seu estilo, musicalidade, mensagem, como um crítico apreensivo (mas nunca quietos, será sempre impossível num concerto dos Blasted), para depois, na "segunda volta" curtirem já como se tivessem ouvido a faixa dezenas de vezes para no final de cada uma, invariavelmente, brindarem com uma mega ovação e salvas de palmas os seis cavaleiros do "apomúsicalipse". Para retribuir, um encore constituído por mais 3 ou 4 músicas com Battle Of Tribes a fechar com chave de ouro. Mas a derradeira surpresa foi o tirar das máscaras, os mutantes revelaram o seu verdadeiro rosto, conhecido só pelos verdadeiros fãs (como eu) e levaram ao céu os cerca de 3 mil pessoas presentes na Aula Magna!
Amanhã, a primeira coisa que irei fazer é cantar "I've got plans for today (ir levantar à Fnac o prometido CD de Light In Sound) and i'm planning going all the way" (chegar a casa e colocá-lo no PC para fazer o download de Sound In Light). Orienteiem-se e não se esqueçam: Unite your brothers, unite your tribes, unite yourselves, unite the sound, unite the childs, unite in one, unite in light... AVÉ!

quinta-feira, março 08, 2007

Televisão, mulher e esfoladelas!

A RTP fez ontem, dia 7 de Março, 50 anos. O mesmo é dizer que Portugal tem televisão há 50 anos. Gostava de ter conhecido a sensação de novidade que foi na altura. Cresci a ver a RTP, apareceu a SIC e a TVI mas continuei a preferir a estação estatal até hoje. Não é a brincar que digo que a RTP faz parte da vida de muita gente, e bastante da minha. Grande parte do conhecimento que adquiri foi através da televisão. A TV é, sem sombra de dúvidas, um grande, senão o melhor veículo de informação jamais inventado. Mesmo melhor que a internet, na actualidade. A televisão aproxima realmente as pessoas, dá-nos a conhecer o mundo e as pessoas, como ele funciona e o que elas fazem, o que se passa, o que não se passa e deveria passar, passa tudo na TV! Embora seja espectador de todas as estações de televisão (pelo menos as 4 de sinal aberto) continuo a gostar mais do canal 1 da Rádio Televisão Portuguesa. Embora o serviço informativo seja muitas vezes criticado por "embelezar" as notícias relativas ao governo, a televisão do estado mostra ser aí imparcial, talvez até mais que as outras, pois fá-lo com todos os governos. Pelo serviço informativo e pela restante programação, mesmo sendo em alguns aspectos discutível, e pelos 50 anos ontem celebrados, continuarei a preferir a "nossa" estação às outras, que conseguem fazer do mau gosto práctica corrente, e da pequenez e mesquinhez os pratos dos dias, em programas de inúteis, isentos de valores, ética e moral, e que portanto têm gigantescas audiências neste quadradinho pantanoso à beira-mar. PARABÉNS RTP!

Entretanto hoje, dia 8 de Março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Acerca dos dias internacionais um dia hei-de expressar aqui a minha opinião, mas este em concreto, acho que é uma tremenda incoerência. É vê-las hoje todo o dia, com um sorriso nos lábios a cumprimentarem-se umas às outras e a relembrar aos homens que hoje é o dia delas, que os homens isto que as mulheres aquilo, depois juntam-se em jantaradas noite fora e vão beber uns copos e ver uns stips, aquelas coisas que elas detestam que os homens façam. Ora para quem pede a igualdade acho isto tudo uma estupidez. Haver o dia internacional da mulher é o mesmo que o dia internacional do da criança ou do idoso, com a diferença que estes dois merecem de facto um tratamento diferente e uma discriminação positiva, enquanto que por outro lado as mulheres pedem igualdade. Nem melhor nem pior, igual. Ora eu não tenho conhecimento de nenhum Dia Internacional do Homem, e não sendo machista não sou daqueles que dizem que os restantes 364 dias do ano são o Dia do Homem. Também não conheço o Dia Internacional dos Pretos ou dos Ciganos, o Dia Internacional dos Pobres ou dos Ricos, etc, etc... Na minha opinião, uma mulher não deve ser feminista da mesma maneira que um homem não deve ser machista, claro que todos temos a tendência de cair mais para o nosso lado, mas o lobbie feminista é um igual a tantos outros, mas este, se o é realmente um lobbie, desconheço os seus objectivos. Não se deve eliminar um preconceito fazendo discriminação positiva do que dantes se fazia discriminação negativa, elogiando o que se criticava só porque se criticava, pois passar-se-á a elogiar só por elogiar. A minha opinião sobre a mulher é a seguinte: as mulheres, como género de uma espécie, são de facto o sexo fraco, não que o homem seja o sexo forte, elas é que são o fraco. E não estou a dizer que as mulheres são fracas, estou a dizer que o seu género é mais fraco que o outro. E isto pelo facto de serem mais inteligentes. Por isso espero que não me chamem machista porque estou a falar contra mim. Os homens são mais burros que a mulher e governam o mundo. Ora elas acabam por ser mais burras, por deixar os mais burros que elas governarem o mundo. E não me venham com aquela conversa de que "de trás de cada grande homem há sempre uma grande mulher" porque isso são desculpas, uma espécie de vitória moral, e se fosse realmente verdade os homens diriam o mesmo mas ao contrário e tal não acontece. É como o velho ditado "Quem é mais louco? O louco, ou que vai atrás dele?". Para acabar, mas não para me desculpar do que quer que possa ter ferido susceptibilidades femininas, como homem devo dizer que não há nada em que os homens pensem mais que não as mulheres!

Hoje fui andar de bike ao fim de 7 meses de "abstinência". Alte está aí à porta e este ano quero ir preparado para o que der e vier. Por isso hoje dei uma voltinha pequena para conhecer um novo spot que afinal sempre ali esteve, mesmo por cima da minha velha praínha, a do Vau. No final, o saldo foi este: Rolar bastante como eu gosto, uns poucos de singletracks de técnica já exigente, muitas descidas a medo e algumas subidas a "esgravatar e a alevantar". No final, o costume, uma queda estúpida, como são todas as que eu dou, braço e pernas esfolados, as costas tipo acórdeão e o ego na sarjeta!AVÉ!

segunda-feira, março 05, 2007

100 - Um, Zero, Zero

Para escrever este que é o meu centésimo (!!!!!) post no IMPERIVM, resolvi partilhar três acontecimentos recentes que me deixaram simplesmente perplexo, sim é esta a palavra, perplexo, simplesmente, e deixar o que poderá ser uma de entre tantas interpretações. Se me quiserem deixar as vossas saibam que estão à vontade...

1º Acontecimento: Aqui há uns dias, mais uma costumeira notícia sobre um atentado suicida à bomba em Bagdad, até aqui, infelizmente, nada de especial. Ao ouvir a notícia, porém, não pude de deixar de reter na memória a expressão utilizada pelo infeliz jornalista:

"(...) a explosão na Faculdade de Economia na Universidade de Bagdad matou 41 pessoas, sobretudo jovens estudantes. O terrorista fez-se explodir depois de ter conseguido entrar no complexo apesar dos esforços dos seguranças para o impedir."


Ora isto tem a sua piada, caso não fosse tão trágico. Pergunto eu, na minha ingénua ignorância, como se impede um bombista SUICIDA de fazer seja o que for?? Imagino, será que lhe apontaram uma Kalashnikov??? "ALTO! Ou disparamos!" ?????? Ou pura e simplesmente barra-se-lhe a entrada tipo porteiro da disco? "Desculpe mas o senhor não está apresentável, ou vai a casa deixar a bomba e veste uma burka ou então nada feito" Claro que deu merda e o gajo arrebentou com aquilo, com tanta faculdade de economia digna de bombar em Portugal, lamento ter-se perdido mais uma oportunidade. Como se pode coagir um tipo destes??? Ameaçamos chamar a polícia? Contamos aos pais dele? Nem sequer pode ser excomungado visto lá para onde ele vai estarem 70 virgens à espera dele para lhe fazer umas massagens e lerem-lhe histórias à cabeceira... enfim!

2º Acontecimento: Uns dias depois, oiço na rádio, de manhã, que um jogo do Campeonato do Mundo de Futebol da Igreja Católica, disputado exclusivamente por elementos do Clero, acabou com duas ou três expulsões, uma das quais por protestos com o árbitro! Ora numa altura em que a popularidade da instituição liderada pelo Vaticano está ainda mais funda que o próprio inferno, isto pode ser o golpe de misericórdia. Misericórdia essa que o árbitro não teve! Mas que ofensa terá proferido o herege jogador? "NÃO FOI FALTA QUE DIABO!"?, ou terá sido a dar a táctica aos colegas "VADE RECTUM VADE RECTUM"? Provavelmente, terá cometido o pior dos impropérios dirigindo-se ao árbitro nestes termos: "VAI PRÓ DIADO! DEVES SER FILHO DE MARIA MADALENA!" Mas e depois?? Qual terá sido a sanção do Conselho de Disciplina?? Rezar um terço? Ir em peregrinação a Fátima? Acender uma velinha a Nª. Sra. do Caravaggio? Vender Bíblias em Kabul? Não sei mas gostava de saber. Seja como for, perdi um bocadinho da esperança que este venha a ser um mundo melhor... enfim!

3º Acontecimento: Hoje no Telejornal ouvi mais uma à la Gabriel Alves. Mas a culpa até não terá sido dos jornalistas que, muito profissionalmente cumpriram com o que lhe fora pedido. Uma professora, que pediu o anonimato, contou que foi ameaçada com uma faca pela BISAVÓ de um seu aluno. Ufa! Ainda bem que esta senhora pediu o anonimato. É que com a quantidade de senhoras que têm bisnetos, essa senhora é bem capaz de pensar que até foi OUTRA BISAVÓ a passar-se dos carretos para com outra qualquer professora daquelas bandas. Sim, porque foi feita uma referência geográfica! Era, salvo erro, lá para as bandas de Penafiel ou Paços de Ferreira! Pôrra, bem sei que a educação em Portugal não anda propriamente de vento em popa, mas daí até haver um campo estatístico com a definição Bisavós que ameaçam/agridem professoras dos bisnetos com armas brancas ainda vai um grande passo não? Parece que estou a ver uma bisavózinha no seu lar, sentada na sua cadeira de balanço e a pensar, enquanto vê as notícias e faz tricot "Ah, ainda bem que esta disse bisneto, porque eu fui ao focinho foi daquela puta da professora de inglês da minha bisneta coitadinha, só porque ela chumbou por faltas! Ou será que a que comeu nos cornos foi a que deu negativa a Matemática ao meu bisneto Manelinho???? Ai este meu Alzheimer, se eu tivesse a certeza ia lá tirar-lhe as dúvidas era a ela, aquela vaca..." Bom, protegida pelo anonimato e pela falta de referências a características incriminatórias que possam denunciar quem prestou tal testemunho, resta desejar a esta professora que ela ensine melhor os seus alunos que o que protege a própria pele... enfim, AVE!

NOTA: Perante tal falta de adjectivação às situações expostas, não consegui dar um título a este post que lhes fosse relativo. Por isso, e por este ser um número redondo como a minha terra resolvi escrevê-lo como ouço os números no Bingo, mesmo que não haja lá o 100!