domingo, janeiro 25, 2009

A Crise

A crise é uma coisa que custa a perceber. É estranhamente familiar mas indesejável, não se sabe de onde vem nem para onde vai, gostaríamos de a renunciar mas, no fundo, toda a gente sabe que está connosco. A crise é como aquela prima mais velha que vive desde sempre em nossa casa. Eu sei porque tive uma prima dessas, chamava-se Diana!

A crise só pode ser uma palavra feminina, senão vejamos: aparece sem ninguém perceber de onde, dá-nos a volta à cabeça, comprometemo-nos por causa dela e, quando se vai embora, faz questão de nos levar o carro, a casa, às vezes até o emprego.

A crise é como o Sporting a jogar para o primeiro lugar: nunca acreditamos que chegue lá, mas volta e meia, de muitos em muitos anos surpreendemo-nos. O problema da crise, leia-se o NOSSO problema, é que os árbitros favorecem escandalosamente a crise. Nós somos flagrantemente roubados e, pior que isso, somo-lo segundo as regras! Uma coisa chata da crise, é que está sempre em alta, em grande forma. Quando aparece é imparável, irresistível. Quem nos dera ser a crise quando não estamos em crise.

A crise, tal como esta crónica se ameaça tornar, é uma verdadeira anáfora. A crise! A crise! A CRISE! Eu, se fosse Deus, processava a crise por apropriação indevida de bens, mas afinal quem é que é omnipresente?

Depois, a crise está irritantemente na moda. Depois do sexo, das novas tecnologias, do ambiente e do Cristiano Ronaldo, agora fala-se na crise! Tal como as pessoas que aparecem nas revistas do social, a crise não tem muitos amigos, é carente e, normalmente mostra mais do que o que tem. Se a crise tiver uma nacionalidade, é portuguesa! Tal como os tugas a crise vive acima das possibilidades. Só sobrevive graças a pessoas a quem dá jeito existir, tal como as celebridades das revistas, as mulheres dos jogadores de futebol e a astrólogos, em resumo, a toda a gente que aparece na TVI.

Se fosse uma pessoa a crise seria o Miguel Sousa Tavares. Arrogante, feia e presunçosa, mas a quem acabamos sempre por dar atenção. E tal como sobre o Miguel Sousa Tavares, eu não gosto de falar sobre a crise, embora admita que também já chegou à minha imaginação! (a crise e não o Miguel Sousa Tavaras, sape!)

Em termos sexuais, a crise é gay. Só se dá com outras crises e gosta de grandes bacanais. A crise imobiliária despoletou a crise financeira, que por sua vez acelerou a crise dos preços do petróleo, que por sua vez originou a crise energética que cedeu a sua vez à crise do futebol. Conclusão: o Leixões ocupou por várias semanas o primeiro lugar do campeonato. Isto, meus amigos, é grave, pior só mesmo se aparecer outra girls band nos Morangos com Açúcar.

Se falarmos de religião, facilmente percebemos que a crise é muçulmana. Gosta de arrebentar com tudo, mas preferencialmente com malta endinheirada, e toda a gente sabe que o Tio Patinhas tem uma costela israelita!

Durão Barroso disse há uns anos “O país está de tanga!”. Eu cá ainda não vi nada! E acho mal, porque se há país que tem clima para as miúdas se bambolearem de tanga é Portugal. Tivesse a crise chegado mais cedo, quiçá, assim seria. Mas não, nós até na crise fazemos questão de ser dos últimos!

Institucionalmente a crise demonstrou a inoperância do SEF. Então a crise é estrangeira e entra pelo nosso território adentro sem declarar nada na alfândega? Mas afinal a crise vem dos Estados Unidos ou do espaço Schengen? Porque diabo a crise não precisou de visto? E, se precisou, quem lho deu? Encontrem os responsáveis! Só a ASAE consegue rivalizar com a crise e fechar tantas fábricas, PME’s, cafés e feiras. Mas a crise ganha aos pontos no que toca a bancos. Só por cá já são dois! E isto faz-me lembrar a única coisa que não perdoo à crise: o facto de ser apenas uma rica pessoa em vez de uma pessoa rica. Podia ao menos ter o direito de escolher, não?

Às vezes interrogo-me se a crise não será um lobbie da comunicação social (e porque não dos humoristas/cronistas) para terem algo sobre que escrever…

7 comentários:

Anónimo disse...

A crise ainda não chegou à tua criatividade!

Carapinha disse...

com que entao o tio patinhas... ah bom..

Anónimo disse...

Vou falar com o Diário do Sul para escreveres uma crónica todas a semanas.
Tu fazes-te...

Anónimo disse...

Soci és o máior! se conseguires o tal feito depois quero uma pequena comissão, não digo mensal mas vá...semestral...que podes pagar em forma de jantares ou presentes caros, em géneros não vale a pena que o grande amor que nos une não é dessa natureza! lóv iu soci! soci pikena!

Unknown disse...

A Crise até passou por mim, porque estou em Crise de palavras para escrever um comentário quase tão bom quanto a Crise que estamos a atravessar, porque é profunda, logo é uma boa crise!
Continua amigo Imperador!

Tenho dito! Fui!

Rita disse...

Não tou a perceber essas bocas dos humoristas guionistas....lol

MarynWonderland disse...

Meu irmão cê Rebentou Cára!!!!Tá dji mais viu, show dji bola, topo, sacanagem, cára...botei dji fora os bófes dji tanto ri...a tua mente é tão interessante que até me dá medo...é que usas aquela parte do cérebro que normalmente os outros deixam sossegada,,,pah, isso irrita-me por um lado, por outro relaxa-me...enfim, my friend, eu cá por mim era sempre a subir até ao horário nobre do canal 1 (ou da sic)- eh pah, da TVI nem pensar...vá bêjos e flores de papel!!!