sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Regresso aos treinos

Este post não era suposto ser assim. Era suposto ser merdoso, mas não tanto. Era suposto ser bastante mais interessante e intrigante do que este. Mas não é. Era suposto não ter interesse nenhum a não ser para mim e talvez este tenha um bocadinho mais. Ou seja, nada do que queria escrever saiu como queria. Como tal fica em banho maria.
Amanhã temos treino. Tenho medo. Tenho mais medo do que é suposto. Tenho aquele medo que me faz ter vergonha e ter que o negar, ficando ainda com mais medo. Isto de pegar vacas não tem nada a ver com pegar toiros. Ou talvez tenha e eu esteja é habituado a pegar o tipo errado de vacas. Sim, deve ser isso... mas é também o facto de irmos de jeans e t-shirt, do tentadero ser pequeno e de alvenaria, de termos pouca gente a ver, de irmos quase sempre cedíssimo de manhã, enfim, é tudo diferente duma corrida como nós gostamos: praça cheia, amigos e namoradas nas bancadas, traje bonito, jaqueta limpinha que nos veste o tronco e o Ego, fotógrafos profissionais, pressão vinda de fora etc, e finalmente um adversário nobre, jovem como nós, imponente e desafiante, ameaçador e atraente e do género masculino! Pois, deve haver ali qualquer cumplicidade de machos numa corrida que me faz ter mais confiança no Passanha de 550 kg que numa vaquinha de 200. Ehpá, que querem? Elas são traiçoeiras. Toda a gente sabe mas eu se calhar sei-o um bocadinho melhor.
Aqui há uns anos em Junho, depois de uma noitada na Semana Académica de Évora tivémos um treino. Em Cabeção na herdade do Lopes Aleixo. Tudo ressacado, a noite anterior tínhamos tido um jantar de aniversário em Évora e depois lá fomos ainda que “oficiosamente” para os copos. Um calor danado, chegámos lá já passava das 10! As vacas eram quase mais velhas que nós e todas com o saudável hábito de correr atrás dos cavalos no tentadero! Para quem percebe minimamente de toiros, não humilhavam, para quem não percebe patavina andavam sempre com a cabeça levantada e consequentemente os cornos mais parecendo umas cabras malucas! Uma entorse (do Vítor), um desmaio (do Casimiro) e várias mazelas depois lá me calhou a vez de ir à cara da bicha! No meio do tentadero preparava-me para colocar as mãos na cintura e fazer um cite minimamente decente quando a vaca (aqui foi mesmo no sentido pejorativo) se arranca! O pessoal no burladero defronte de mim agitou os braços e gritou umas coisas que nem ouvi, pela minha cabeça já passava outro pensamento: “E agora como é que eu me safo?”. Sem perceber muito bem como armei-me em guarda-redes antes de defender um pénalti. Braços e pernas abertos, tronco inclinado para a frente para baixar o centro de gravidade e OLÉ! A menos de um metro faz-se uma simulação para um lado, juntam-se os pés para o outro, encolhe-se o rabo para dentro enquanto as costas vão para trás e ainda se dá o toque artístico com uma mão na cintura e outra por cima da cabeça: eis um câmbio à maneira. Foi assim o meu primeiro câmbio que teria num qualquer concurso de recortes uma crítica desoladora “bonito pero todavia muy poco de recortao” ou qualquer coisa do género. Abriram-se sorrisos, gritaram-se olés e bateram-se palmas. Escusado será dizer que aumenta a confiança. A vaca é que não estava muito disposta a colaborar, e da única vez que o fez e ficou quietinha para poder citar, imediatamente se arrancou, cernelhou, humilhou mal e porcamente e deu-me uma pitonada em cheio onde não devia. Resultado, não só não peguei, caí e caguei-me todo e passei os 30 minutos seguintes de cócoras atrás dos burladeros e a pensar se alguma vez teria filhos. Graças a Deus, depois disso já outras vacas tiveram alegrias em exercícios diferentes mas na mesma “localização morfo-geográfica”...
E pronto, este é só um exemplo por que não gosto de vacas a não ser no prato e mesmo aí prefiro os novilhos. Já com as vacas de duas pernas também tenho mais afinidade (ou elas comigo) do que gostaria de admitir e são igualmente traiçoeiras. Mas dessas nem vale a pena falar...

1 comentário:

Anónimo disse...

O que tu gostas é de agarrar em touros, né?
Larga os bichitos, vá!