Ultimamente tenho tido umas conversas muito estranhas. Pensava que a fase dos malentendidos já tinha passado mas afinal parece que não e para este último tenho que fazer um mea culpa porque desta vez eu é que meti água com o meu maldito feitio de querer fazer as coisas à minha maneira e sob pressão como eu tanto gosto. Vamos lá ver se me vou safar e ao Revelão de inocentes. Entretanto tive conversas do mais estranho e quase todas fora d'horas: toiros com uma pessoa que há uns tempos era toda anti-touradas, filosofias (esta sim é pa ti Ricardo, tamos quites do plágio) tarde adentro quase redundantes, desabafos "quase" porcos e inconfidências "quase" comprometedoras à lareira fumando charuto, engates e desengates com prendinhas e "fodinhas" à mistura e outras tantas... Nestas aprendi bastante. Aprendi sobretudo que quem não quer aprender não aprende, que quem não tem espelhos em casa não sabe a figura com que sai à rua, que não se misturam empadas de galinha com cardhu e que mesmo quando tenho a consciência de não fazer aos outros aquilo que não gosto que me façam a mim mesmo assim me consigo quase sempre foder e ficar nos cornos do touro. Ora coloco-me num dilema terrível: o Diabo ou a Cruz?
Começo a aperceber-me que na sociedade em que vivo toda a gente que apregoa a Cruz tem uns corninhos, pés de cabra e uma forquilha... estranho não? No entanto, a cartilha é a Cruz e o oposto, mesmo quando declaradamente confessado é forçosamente recriminado. É do género «faz o que eu te digo, não faças o que eu faço»
Aqui há uns dias escrevi umas cenas que me custaram uma lição de concepção do Bem e do Mal por parte de uma alma iluminada não identificada cuja identidade é tão secreta para mim como os NIB's dos árbitros para o Pinto da Costa! Mas tudo bem, é o preço por admirar a palavra Maquiavel em vez de torcer o nariz, também esse génio da Renascença era mal interpretado e continua a ser 500 anos depois, espero que não me calhe a mesma sorte!
Ora não é novidade para ninguém que o ser humano é o bicho mais contraditório que há, torna o abstracto concreto e vice-versa! Engraçado é que pensa e afirma que não! Ontem por causa dessas conversas "em espiral" (ia usar o termo fractal mas nem toda a gente sabe o que isso é) pus-me a ler estas merdas que escrevo, coisa que não costumo fazer, só os comments! Cheguei à triste conclusão que os posts que me deram mais prazer escrever e dos quais esperava maior feedback são os que poucos ou nenhum comentário tiveram, enquanto aqueles que escrevi tão lúcido como magoado estavam cheios de comments, a maioria anónimos e a tentarem dar-me lições disto ou daquilo, é triste. Um dia antes uma pessoa teve o desplante de me dizer que se dava ao trabalho de ver sempre o que eu tinha escrito, mas que nunca comentaria por isto por aquilo e por o outro, porque não gosta de escrever e não quer que os outros leiam aquilo que pensa. Não consigo compreender tal postura em relação a nós próprios mas tenho uma luz quando me recriminam por exprimir e partilhar as minhas opiniões da maneira mais simples e clara que consigo.
Desde quando estudar Maquiavel, Hitler ou Sun Tzu faz de mim um monstro? Desde quando simpatizar mais com o Darth Vader e com o Joker que com o Luke Skywalker e o Batman faz de mim um vilão? Assim como pregar a palavra de Deus não faz dos padres Santos! Infelizmente a Igreja Católica e os fundamentalistas islâmicos são exemplos bem reais disso.
Isto tudo para tentar dizer que é preciso não esquecer que tanto o Diabo como a Cruz estão muito bem patentes nas nossas accções e atitudes do dia-a-dia. E é precisamente por isso que se diz "Como o Diabo foge da Cruz" porque passamos a vida a fazer o mesmo. Eu não, sinceramente. Quanto mais me agarro à Cruz mais o Diabo me tenta e eu a mim próprio, quando me consigo libertar dos dois tenho uma sensação de realização que acredito pouca gente está ao alcance de ter. Por outro lado, reparo que só o consigo fazer em relação a coisas objectivas e alheias à minha pessoa, no que mexe mais directamente comigo é muito mais díficil mas quando se consegue também é muito mais gratificante!
Para finalizar um aviso à circulação na Via Apia : os caminhos, somos cada um de nós quem os escolhe, eu escolho os meus e não obrigo ninguém a seguir-me porque mais louco que o louco é aquele que o segue (grande obi-Wan), agora não me peçam é para escolher pelos outros pois arriscar-se-iam a que eu lhes desse razão e lhes confirmasse os seus temores em relação à minha pessoa. AVÉ!
2 comentários:
lol enquanto andava a ler o teu blog deves ter escrito este...carreguei no botao "actualizar" e "plim" apareceu um novo texto... queria só dar-te os parabéns, q me esqueci, é que não teres mencionado o rugby no outro texto deixou-me desorientado, pelos 22 anos e por este blog brutal! Um abraço do preto mais "menino bem" (outra vez...)
Não é por seres preto mas vou responder aos 2 comments só neste! Grande Lauro! Já viste como o mundo funciona? Ah pois é, tavas tu a ler isto e eu a escrever, somos todos um sistema complexo cuja dinâmica não-linear inexplicável tem um quelque chose d'avec a ver com a teoria da atracção gravítica do Newton, e não penses que tou no gozo, falo bastante a sério! Em relação aos teus comments, agradeço as tuas palavras, principalmente o adjectivo fantástico, como se eu fosse um qualquer cromo da BD. Sabes que só o teu sorriso do "partia-te todo" supera o meu, pelo menos o do espírito, daí a cabeça erguida, e se não for uma... que seja a outra! Gostava de saber o porquê do desorientanço, o que têm os meus 22 anos? E o Rugby? Que saiba nunca te disse que jogava ou jogo essa coisa a que chamam desporto que consta de agarrar num melão e rebolar na relva para depois cheirar o cu uns aos outros. Quando quiseres practicar desportos de Homem já te disse que te ponho a pegar toiros quando quiseres. Mais uma vez muito obrigado pela simpatia e uma última palavrinha para ti que és o preto "menino bem mais sékssi" que conheço: (em surdina) Partia-te todo... ;)
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