quinta-feira, março 23, 2006

Dia Mundial da Poesia

Atrasado à bela maneira Tuga aqui vem o post deste dia, que foi também o da Árvore, do Sono e da Cozinha. Como destes quatro o que gosto mais é poesia é sobre isso que escrevo.
Não sou grande conhecedor de poesia, admito. Gosto muito, no entanto, daquela que conheço, ou será melhor dizer que faço por conhecer aquela de que gosto mais?
Nós que somos pouquinhos somos também, para além de um país de marinheiros (já fomos mais), de fado futebol e Fátima, e de treinadores e jogadores de futebol com sucesso no estrangeiro, um país de poetas. O expoente máximo discute-se entre Camões e Pessoa. Um por causa da sua obra-prima "Os Lusíadas", a epopeia desse belo povo que hoje já não é assim e outro por causa dos seus heterónimos, reveladores da sua mais que complexa personalidade. Na rectaguarda destes aparecem Bocage, Alexandre Herculano (nunca li nada deste), Florbela Espanca, e mais uns quantos mais recentes como António Gedeão, António Aleixo (o tal marafado que não sabia escrever), Mário Cesarinny, David Mourão Ferreira, Alexandre O'Neil (o tal que inspirou a mulher do "Cherne") ou Ary dos Santos entre outros. A lista é enorme. É certo que gostos não se discutem e depois de uns anos a adorar Camões, principalmente os sonetos, virei-me mais para o Fernando embora tivesse detestado quando o estudei em Português B, e para os mais contemporâneos. O primeiro poema que me lembro de decorar é do grande Luís Vaz pois então. Apaixonei-me pelo dito soneto quando tinha aí uns 14 aninhos, na ressaca de um desgosto amoroso pois claro, o primeiro (a sério) da minha vida, diga-se. Na altura pensei «escrito há 400 anos, parece que foi de propósito para mim» da mesma maneira que pensei o mesmo acerca de um outro de Pessoa que coloquei algures num post anterior, lá por volta de Novembro.
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Luís de Camões
OK, é um poema um bocado deprimente e pesado para um puto de 14 anos mas estava mesmo mal. Ainda hoje me identifico muito com ele, principalmente com a primeira estrofe, e só espero que não seja assim daqui por uns aninhos, seria mau sinal. Só não tenho um "Génio de vinganças" mas que é duro é, quem me conhece deve concordar.
Como informação complementar, e completamente de graça, ficam a saber que o autor do primeiro slogan da Coca-Cola em Portugal foi um caramelo chamado Fernando Pessoa, que era publicitário e tradutor, e que tinha como hobbie escrever uns versos. E esse slogan era "Primeiro estranha-se... depois entranha-se!" Coca-Cola lálálá...

3 comentários:

Anónimo disse...

Maaann, o Nando era um Werther's Original?!?!?! lolol

Unknown disse...

Pois é, caro amigo, se queres falar de poemas decadentes, é de poemas decadentes que vamos falar. Aos 14 anos (ou em idade parecida) passei eu também por um desgosto de amor que me faz lembrar o "Fim" de Mário Sá Carneiro. Se quiseres saber qual é tens duas opções:

1 - Compras um livro dele e lês o poema;

2 - Compras o CD dos Trovante e ouves o poema.

AGORA ESCOLHE (e não é o programa da Vera Roquete)!

Depois desta pequena sugestão "tertuliante", aqui vão mais três:

http://heliobranco.blogspot.com

http://fotoblografias.blogspot.com

http://trifonia21.blogspot.com

AGORA ESCOLHE E VISITA!

Um grande abraço,


Branco (a.k.a. Jefferson Fitipaldi)

Roma disse...

Resposta champô:

Lauro: Pois era, o gajo era mesmo um Werther's Original. Mas em compensação não era preto... não se pode ter tudo né?

Gambuzino: E isso seriam quantas vezes? E para que abrimos um blog? Pa cagar? Só se levarmos o computa pó WC! Lamento mas não sei ler, fica pá próxima...

Jefferson: Mas esta merda é alguma agência de Publicidade??? Não sei qual é o poema mas até faço questão de saber qual é. Devias era tê-lo escrito em vez de fazeres publicidade a blogs de conteúdo suspeito...

Eu quando quero consigo ser bastante estúpido... e quase sem esforço nenhum, bestial!!!