NOTA PRÉVIA: Este post foi escrito na passada quinta-feira dia 8. Devido a certos e determinados problemas de origem bovina só hoje o consegui editar. Embora já desactualizado mantenho-o como originalmente o escrevi. Quaisquer erros de conteúdo são da minha total (ir)responsabilidade e (in)competência.
No dia em que começou o Campeonato do Mundo de Futebol - Alemanha 2006 só para ser do contra vou falar de... BASKET!
É que também começaram na noite passada as finais da NBA, o campeonado mais fantástico do mundo seja de que desporto for, ou FUNTÁSTICO como diz e muito bem o nosso querido Carlos Barroca, treinador e comentador televisivo, uma autêntica autoridade no que toca à bola no cesto.
Dallas Mavericks e Miami Heat defrontam-se ambos como estreantes nesta fase da competição, o que já não acontecia há 35 anos.
Há coisa de 16/17 anos atrás comecei a ver as transmissões da NBA Magazine na TV2 salvo erro, já na altura comentadas por Carlos Barroca e pelo saudoso Prof. João Coutinho. LA Lakers (Oeste) e Detroit Pistons (Este) eram as principais equipas com as duplas de craques Kareem Abdul-Jabbar/"Magic" Johnson e Bill Laimbeer/Isiah Thomas à cabeça, respectivamente. Eu, só para ser do contra, já que o meu irmão torcia pelos Lakers e o Jaime pelos Pistons, e por me parecer que um tal de Jordan tinha estilo a afundar (vá lá saber nessa altura o que era afundar, quanto mais estilo...) fiquei-me por uns tais de Chicago Bulls, que embora equipassem de vermelho ainda tinham lá um tal de Paxton, ao qual achei graça pelo facto de ser um branco loiro, baixinho e que mandava triplos de todos os lados do campo. E "prontos". Assim foi.
Nunca mais falhei uma jogatana, quer na televisão, quer no campo da escola, onde começar mais novo, mais pequeno e mais fraco que o meu irmão e os amigos me trouxe a vantagem de evoluir mais e mais rapidamente que alguns deles. O basket, principalmente o americano (e essa história de os europeus não saberem jogar é uma grande tanga) tornou-se para mim quase uma religião, cujo auge foi a fundação/desaparecimento da secção de basket do NAR, ou, como nós carinhosamente lhe chamávamos CABRA: Clube de Amigos do Basket do Redondo e Arredores...
Um senhor chamado Phil Jackson mais um outro seu amigo chamado Tex Winter (que inventou uma chinesice chamada "triângulo invertido") viram em Michael Jordan potencial para se tornar no melhor jogador do mundo de sempre de qualquer modalidade, quais Pelés, Tiger Woods's, Johnnys Weissmullers ou Zatopeks... para tal era preciso construir uma equipa à sua imagem, à sua volta. Contrariamente ao que se possa pensar, não eram precisos os melhores jogadores. Muito pelo contrário, seriam precisos jogadores dispostos e conscientes de realizarem um papel tão importante como secundário, o que embora pareça uma antítese tem toda a lógica. Scottie Pippen, um dos melhores defensores de sempre e sempre espectacular a finalizar tornou-se o braço direito de His Royal "Air"ness Michael Jordan. Um base mediano mas forte a defender (Ron Harper) e um ressaltador como nenhum outro houve e que foi durante a sua carreira o l'enfant terrible da NBA, Dennis Rodman faziam as posições de Point Guard e Power Foward o que no basket europeu corresponde às posições 1 e 4, respectivamente. Faltava o poste alto, center, que foi ocupado por um desajeitado Luc Longley, um australiano que tinha tanto de tosco como de alto mas que, e embora parecesse o contrário a quem não perceba do assunto, teria um papel determinante em ambas as manobras ofensivas e defensivas da equipa. E como equipa não é equipa sem banco, lá, estavam entre outros Toni Kukoc, um lançador croata sempre candidato a melhor 6º jogador quando não começava nos 5 primeiros e Steve Kerr, um base lento mas tecnicista com uma visão de jogo só comparável à pontaria laser com que "enfiava" triplos para lá dos da linha dos 6,23m. Os Bulls ganharam 6 campeonatos em 8 épocas. As únicas 6 em que Jordan jogou... coincidência? Houve ainda Horace Grant, Bill Wennington, Latrell Spreewell e Charles Oakley também passaram pelas equipas vencedoras entre 91-93 e 96-98. Já agora, no interregno (Jordan abandonou o profissionalismo e jogou basebol na segunda divisão após o assassinato do pai) os vencedores foram uns Houston Rockets liderados por Hakeem Olajuwon onde pontificavam Clyde Drexler, Nick van Exel e Sam Cassell, entre outros.
Tudo isto para dizer que nunca mais o meu coração torceu por uma equipa como pelos Bulls. Na verdade, agora gosto de quase todas as equipas. Tive um fraco pelos Portland Trail Blazers quanto Arvydas Sabonis, um lituano de 2,21 m que tinha "olhos nas costas" e que chegou à NBA com 30 anos vindo do Real Madrid para ser o rookie do ano era secundado por Damon Stoudamire, Bonzi Wells, Steve Smith e Rasheed Wallace. Arbitragens vergonhosas nas finais de conferência ante os Lakers de Phill Jackson com Shaq, Kobe Bryant, Robert Horry, Rick Fox e Ron Harper roubaram o sonho do título aos Blazers. A partir daí deixei de ter equipa preferida. Jogadores como Kevin Garnett, Allan Houston, Pau Gasol, LeBron James, Yao Ming, Tracy MacGrady, Antonio McDyess, Steve Nash e mais uns quantos fazem-me perder horas de sono (ou de copos) para estar colado ao televisor a aprender e a gozar o espectáculo que o basket norte-americano oferece.
Este ano o dilema é-me colocado outra vez:
Nos Mavericks pontifica Nowitzki, um alemão que mete as bolas todas mas que defende tanto como o Baía na selecção, já merecia qualquer coisinha. E qualquer coisinha na NBA, por melhores estatísticas que se tenham são anéis de campeão, aquilo que jogadores como Charles Barkley, John Stockton, Karl Malone, Glenn Robinson, Jason Kidd e outros FUNTÁSTICOS não conseguiram ter. Marc Cooban, dono da equipa (sim, mesmo O dono, americanices...) e uma espécie de Abramovich do Texas construiu um plantel também de roda de Nowitzki mas será suficiente? Recentes estrelas como Steve Nash e van Exel foram embora, talvez por competirem com o estatuto do alemão. O ex-rookie Josh Howard é este ano o talismã da equipa (cada vez que marca 20 ou mais pontos ganham sempre), Jason Terry um base consistente que tem como suplente Darrell Armstrong também ele veteraníssimo, enquanto os gigantes Eric Dampier e DeSagana Diop mal conseguem parar os ShaqAttcks! Keith Van Horn, também já experiente no que toca a perder finais para Shaq e Jerry Stackhouse dão profundidade a um plantel que, não sendo perfeito eliminou os campeões categoricamente na sua própria casa. Como se isto não bastasse, o nível das esquipas do Oeste tem sido sempre superior às do Este, exceptuando as épocas em que Jordan (quem mais) liderou os Bulls e na de 2003/2004 quando os Pistons recordaram os velhos tempos dos finais dos Eighties.
Por outro lado, ao olhar para os Miami Heat apetece-me torcer também por Alonzo Mourning, uma espécie de Lance Armstrong do basket mas sem títulos, e companhia. Ao gigante com problemas nos rins, reserva moral da equipa, juntaram o melhor jogador do mundo na sua posição, o "Fenómeno" do basket: Shaquille O'Neal, também ele já 3 vezes campeão pelos Lakers com... Phil Jackson. Acrescentaram-lhe ainda a juventude do rookie hoje na sua terceira época Dwayne Wade, a irreverência de Jason Williams ou White Chocolat, o binómio triplos/envergadura de Antoine Walker e a experiência e capacidade de liderança de Gary Payton "The Glove" o mais veterano dos finalistas. Shandon Anderson, que também já passou pelas finais perdendo para Jordan e os seus completa os que poderão ser decisivos nestas finais.
Como tal não sei o que hei-de fazer. Vou assim torcer para que o vencido do primeiro jogo vença o seguinte e assim sucessivamente, até ao sétimo e último jogo. E mesmo assim vão saber a pouco.
Agora é hora de me colar ao televisor e me deliciar com o show que este desporto FUNTÁSTICO me oferece. I Love This Gaaame...