Toda a gente sabe que numa casa em que não há televisão,
há, por norma, muita pornografia. Isto para dizer que eu não tenho televisão,
mas tenho internet...
Estava eu a espreitar esse fórum fantástico que é o
Facebook, quando me deparo com um post de um ex-colega meu sobre a estrela
porno portuguesa Érica Fontes que caso não saibam, é uma menina muito prendada
que recebeu recentemente um prémio da indústria porno americana, o XBIZ Award, na categoria de International Performer of The Year, 2013.
Ora este meu amigo expressava a indignação de a menina ser
actualmente presença assídua nos talk-shows
da nossa TV, e interrogava-se se alguém já teria percebido que a boca da
rapariga serve para tudo menos para falar. Eu escrevi um pequeno comentário com o
simples apontamento que a rapariga pode ainda assim inspirar as pessoas sem
falar, não obstante utilizar a boca na mesma.
Se nos colocarmos no lugar de Érica Fontes (e Deus me livre
de algum dia estar no seu lugar) revemos nela a velha história de outras e
outros como ela: jovens dos 24 aos 35 anos, de habilitações superiores, cujo
país não consegue dar resposta aos seus anseios profissionais e motivação para
uma carreira ambiciosa. De referir que Érica tem ainda 22 anos, o que faz dela
ainda mais habilitada e determinada.
Como milhares de portugueses desde sempre mas,
infelizmente, mais acentuadamente nos últimos 3 anos, Érica emigrou para
singrar na área profissional que a realiza: o porno, no caso dela. Ora nós já estamos fartos
destes exemplos. Temos a Daniela Ruah na TV, a Michelle Brito nos courts de ténis, e agora a Érica a
brilhar lá fora nos states. Na Europa
continuamos a reboque do Mourinho e do Cristiano Ronaldo pelas mesmas tristes
razões: são sobre qualificados!
O problema, já se sabe, não é de
agora. Portugal não consegue aproveitar todos os recursos humanos que forma. Se
estivéssemos ao nível de uma Itália ou Alemanha na pornografia, quiçá
tivéssemos mais Éricas Fontes. Estivessem os 3 grandes da bola ao nível do Real
Madrid e do Barcelona, e o Mourinho e o Ronaldo ainda por cá paravam. No fundo,
Érica faz o mesmo que todos os outros emigrantes de sucesso, inspira-nos.
Infelizmente inspira muito mais aqueles com quem contracena, dos que aqueles
como nós cá deste lado do Atlântico se limitam a visualizar as suas façanhas e professional achievements.
Fácil de concluir que o governo precisa de investir, entre
outras coisas, no desenvolvimento da pornografia. A necessidade é óbvia mas,
porém, não foram ainda apresentadas quaisquer iniciativas. Humildemente
disponho algumas:
- Investir em infra-estruturas tais como estúdios,
piscinas, balneários, praias, jardins públicos, escolas, e tudo quando possa
ser um bom local não só para se mandar uma trancada, mas filmá-la em condições.
- Comparticipação de sites para o porno poder
estar acessível a toda a população. Nisto o interior continua a ser ostracizado
por causa da deficiente cobertura da rede de comunicações. Experimentem fazer
um download da Érica numa cidade como Lisboa ou Coimbra e depois experimentem
em Vila Nova do Coito (escolhi este nome de propósito) e vejam a diferença. O
porno não chega, lamentavelmente, a todo o lado nas mesmas condições.
- Benefícios fiscais para o comércio e serviços da
indústria tais como IVA a 6% nas casas de alterne, peep-shows e sex-shops,
por exemplo.
- Criar um programa de formação de profissionais
porno, à semelhança do que se faz no futebol. Recrutar jovens na puberdade,
levá-los para academias (Academia de Baco dava um lindo nome), formá-los(as)
como profissionais e cidadãos e uma vez possibilitados de assinar um contrato
legal de trabalho, soltá-los no mercado.
Quando confrontei o autor do post com a necessidade da
jovem Érica de emigrar para se afirmar profissionalmente, ele respondeu
afirmando: “Sabes como é, isto está
fodido para todos. E para ela mais ainda...literalmente!”. Eu respeito
a opinião de todos, como decerto já saberão, mas tive que discordar do meu
amigo. Ao passo que a maioria de nós se farta de ser fodido e emigra para se
sentir menos fodido ou não fodido de todo, a Érica Fontes, simplesmente por ter
emigrado, quando mais fodida é menos fodida fica.