"Eu só quero que me saia Marx! Eu só quero que me saia Marx!"
Eu rezei, a sério que rezei. Juntei as mãos e tal como disse Nuno Luz a descrever Augusto Inácio, fechei os olhos e olhei para o céu.
Mas deu sinal de ocupado.
Eu rezei para que me saísse um herege na rifa, mas Deus Nosso Senhor Todo-Poderoso, na sua Omnisciência e Sabedoria, não atendeu as minhas preces.
A Sociologia pediu-me contas acerca da estrutura e da acção, da causalidade e da compreensão quando eu tinha a táctica para para o capital e as mais-valias, para a hierarquia das ciências e berléubéubéu pardais ao ninho.
À saida da escola, um senhor de fato, gravata e gabardine, estende-me um livrinho azul. Vinha acompanhado de um outro homem, vestido de maneira mais informal, carregado até aos olhos daqueles livrinhos azuis. Olhei para a capa e reconheci imediatamente quem tinha acabado de me oferecer uma cópia do Novo Testamento: os Gedeões Internacionais. No autocarro, a caminho de casa, e porque não queria voltar a pensar na Sociologia, lá folheei as sagradas escrituras. Logo no início um pequeno índice. Escolhi a linha que dizia: Cansado, que era o que melhor descrevia o meu estado à altura. Remeteu-me para a primeira epístola de São Paulo aos Coríntios, capítulo 15, versículo 58: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor."
Basicamente, foi a maneira de Deus me dizer: "Puto, deixa-te de merdas e prá próxima ou estudas antecipadamente, ou rezas antecipadamente, que Eu faço milagres mas não é desses!"
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