quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Pornografia e Emigração: uma reflexão contemporânea


Toda a gente sabe que numa casa em que não há televisão, há, por norma, muita pornografia. Isto para dizer que eu não tenho televisão, mas tenho internet...
Estava eu a espreitar esse fórum fantástico que é o Facebook, quando me deparo com um post de um ex-colega meu sobre a estrela porno portuguesa Érica Fontes que caso não saibam, é uma menina muito prendada que recebeu recentemente um prémio da indústria porno americana, o XBIZ Award, na categoria de International Performer of The Year, 2013.
Ora este meu amigo expressava a indignação de a menina ser actualmente presença assídua nos talk-shows da nossa TV, e interrogava-se se alguém já teria percebido que a boca da rapariga serve para tudo menos para falar. Eu escrevi um pequeno comentário com o simples apontamento que a rapariga pode ainda assim inspirar as pessoas sem falar, não obstante utilizar a boca na mesma.
Se nos colocarmos no lugar de Érica Fontes (e Deus me livre de algum dia estar no seu lugar) revemos nela a velha história de outras e outros como ela: jovens dos 24 aos 35 anos, de habilitações superiores, cujo país não consegue dar resposta aos seus anseios profissionais e motivação para uma carreira ambiciosa. De referir que Érica tem ainda 22 anos, o que faz dela ainda mais habilitada e determinada.
Como milhares de portugueses desde sempre mas, infelizmente, mais acentuadamente nos últimos 3 anos, Érica emigrou para singrar na área profissional que a realiza: o porno, no caso dela. Ora nós já estamos fartos destes exemplos. Temos a Daniela Ruah na TV, a Michelle Brito nos courts de ténis, e agora a Érica a brilhar lá fora nos states. Na Europa continuamos a reboque do Mourinho e do Cristiano Ronaldo pelas mesmas tristes razões: são sobre qualificados!
            O problema, já se sabe, não é de agora. Portugal não consegue aproveitar todos os recursos humanos que forma. Se estivéssemos ao nível de uma Itália ou Alemanha na pornografia, quiçá tivéssemos mais Éricas Fontes. Estivessem os 3 grandes da bola ao nível do Real Madrid e do Barcelona, e o Mourinho e o Ronaldo ainda por cá paravam. No fundo, Érica faz o mesmo que todos os outros emigrantes de sucesso, inspira-nos. Infelizmente inspira muito mais aqueles com quem contracena, dos que aqueles como nós cá deste lado do Atlântico se limitam a visualizar as suas façanhas e professional achievements.
Fácil de concluir que o governo precisa de investir, entre outras coisas, no desenvolvimento da pornografia. A necessidade é óbvia mas, porém, não foram ainda apresentadas quaisquer iniciativas. Humildemente disponho algumas:
  • Investir em infra-estruturas tais como estúdios, piscinas, balneários, praias, jardins públicos, escolas, e tudo quando possa ser um bom local não só para se mandar uma trancada, mas filmá-la em condições.
  • Comparticipação de sites para o porno poder estar acessível a toda a população. Nisto o interior continua a ser ostracizado por causa da deficiente cobertura da rede de comunicações. Experimentem fazer um download da Érica numa cidade como Lisboa ou Coimbra e depois experimentem em Vila Nova do Coito (escolhi este nome de propósito) e vejam a diferença. O porno não chega, lamentavelmente, a todo o lado nas mesmas condições.
  • Benefícios fiscais para o comércio e serviços da indústria tais como IVA a 6% nas casas de alterne, peep-shows e sex-shops, por exemplo.
  •  Criar um programa de formação de profissionais porno, à semelhança do que se faz no futebol. Recrutar jovens na puberdade, levá-los para academias (Academia de Baco dava um lindo nome), formá-los(as) como profissionais e cidadãos e uma vez possibilitados de assinar um contrato legal de trabalho, soltá-los no mercado.

Quando confrontei o autor do post com a necessidade da jovem Érica de emigrar para se afirmar profissionalmente, ele respondeu afirmando: “Sabes como é, isto está fodido para todos. E para ela mais ainda...literalmente!”. Eu respeito a opinião de todos, como decerto já saberão, mas tive que discordar do meu amigo. Ao passo que a maioria de nós se farta de ser fodido e emigra para se sentir menos fodido ou não fodido de todo, a Érica Fontes, simplesmente por ter emigrado, quando mais fodida é menos fodida fica. 

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