NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!! Lá agora!!! Paguei 12€ a um profissional para o fazer por mim! A uma pergunta tão estúpida deve-se dar uma resposta se possível ainda mais estúpida e num tom do mais irritante possível!!! Eu que cometi a asneira de passar 6 meses sem cortar o cabelo vivo agora uma experiência do mais deprimente e irritante. Toda a gente com o mínimo de confiança a opinar sobre a estética e efeito visual dos cerca de 150 000 apêndices capilares que pendem do meu couro cabeludo!!! Sinto-me como se fosse do Governo. Toda a gente acha que tem o direito de falar.
A razão porque desabafo é porque, apesar de não ser novidade, é a primeira vez que um acto tão normal como regular, tem tantas consequências nas outras pessoas. Ao ponto, lá está, de se darem ao desplante de me comunicarem a sua opinião que claro, eu não pedi. Seria um excelente tónico para o meu Ego se algumas delas não fosse negativas. O mais engraçado (quiçá suspeito) é que até os meus amigos têm essa liberdade! Ainda se fossem só gajas...
Comentários do estilo "Ahhh, tava tão giro como o tinhas, porque cortaste?"; "Ficava-te melhor como tava do que agora..."; "Tava a ver que não ganhavas juízo e não cortavas o cabelo!"; "Assim pareces muito mais novo, tem mais a ver contigo..."; "Por causa dos óculos e a form da tua cara e blábláblá..." FODASSE!!!!! Mas como é que é???? Mas o cabelo não é meu???? Eu não pedi a opinião de ninguém!!!!! Aliás, pedi a de uma só pessoa, a de cuja opinião realmente conta para mim, a minha rica mãe. E digamos que foi apenas por uma questão de protocolo, para não ser surpresa.
-- "Achas que corte o cabelo?"
-- "Acho que deves fazer o que entenderes mas já 'tá na hora..."
É a nossa maneira de dialogar, só nós a conseguimos interpretar. No fundo, ela achava que já o devia ter feito à meses, mas a responsabilidade ficou comigo, claro. E assim é que tem de ser. Por outro lado, eu, pedi uma opinião que realmente prezo, mas com a qual poucas vezes concordo, sendo esta uma dessas vezes. Acho que é para nivelar a consciência. Se levar uma nega bem vincada da minha mãe, o mais provável é não o fazer, mas se o fizer, arrependendo-me arrependo-me bem mais, se não me arrepender o que quer que tenha feito, ter-me-á dado, concerteza, bastante mais prazer. É assim...
Voltando ao assunto principal, não percebo a siguêra do pessoal. As gajas têm cabelos até ao cu, cortam, fazem madeixas, nuances, mises (adoro estes panilo-estrangeirismos). Mas aí somos obrigados a dar a nossa opinião. Quer dizer, somos obrigados a dizer "Sim senhora, fica-te bem, tás mais gira assim e parabéns e tal..."; porque se dermos a nossa sincera opinião corremos o risco de ficar com 5 dedos marcados na cara e os tímpanos rebentados. Eu, que sou gajo e limito-me a cortar a gadelha quando me começa a incomodar; e que daqui por 3 ou 4 meses tá rigorosamente igual ao que estava, tenho que gramar estas pseudo-imitações de Isabeles Queiróses dos Vales, Marinas Cruzes e Joões Rôlos. E vejo, como uma pontinha de mágoa, que aquilo são os meus amigos e amigas transformados nessas criaturas. E depois rezo para que passe depressa e que não tenha efeitos irreparáveis.
Lá para Junho ou Julho, em pleno Verão, quando ao fim de 2 minutos na rua às 3 da tarde o cabelo escorre em suor, tal como o resto do corpo diga-se, e me resolver a ir à do Sargento cortar a juba, fico imediatamente alerta para quando, inevitavelmente, alguma criatura tiver a infelicidade de dizer: "Ahhhh... cortaste o cabelo?"
Provavelmente, limitar-me-ei a abanar a cabeça e encolher os ombros...