Ah pois foi! Foi bom, muito bom até. Enquanto durou. E conseguiu até ser bom antes. Que raio de fenómeno não é? Terá sido por isso que o baptizaram de País das Maravilhas? Para mim começou ainda em Abril. Para muitos começou no de 2005 ainda. Para outros uns mesitos atrás, e para outros ainda somente no dia 5, com os belos dos Xutos a ensinarem como se faz. Gostava de ter escrito um pequeno relato do dia-a-dia deste maravilhoso evento, do qual sou um dos maiores críticos e mais encorajador adepto mas foi-me de todo impossível. Eu também já escrevo demais, tal como falo. Deste modo vou tentar exprimir a fantabulástica vivência destas duas últimas semanas:
Recebo um telefonema do amigo Hélder a perguntar se queria ir jantar "com a gente". Calculei logo do que se tratava, o jantar era a desculpa para recrutar pessoal para o trabalho. Estes patrões pá... Lá fomos bater a bucha ao Ribatejano e siga para o recinto. Nesta altura ainda era o estádio de futebol. Relvado sintético pela hora da morte, bancadas, redes, etc.. A coisa mais parecida com o que se iria tornar a casa temporária de muitos, vulgo "recinto", era planta que os "patrões" tinham na mão. E por gestos lá nos iam explicando como iria ficar transformado aquele espaço. Como se nós não soubéssemos que ia ficar exactamente igual ao do ano passado, com algumas nuances pois concerteza! Afinal, nenhuma daquelas pessoas lá tinha estado o ano passado, estes patrões pá...
Por esses dias, o passatempo preferido da malta era assar umas febras e fazer peões com o empilhador. O boato era que o "do baterista" e a "Rosinha" já viviam em união de facto dentro de uma das carrinhas . Ao fim de uns dias o pessoal já começava a fritar. Começavam-se a notar os primeiros escaldões. O Cortes demorou um dia inteiro para ligar dois "holofódeste" para acender dentro da tenda, a pedido do Vale, a tenda já tinha as coberturas, já não se via luz lá dentro nem que tivesse lá o candelabro do Scala de Milão! Foram os primeiros sintomas, a par da afonia, do queimanço cerebral dos elementos da COSA.
Na sexta, os Xutos mostraram que ainda estão para as curvas mas eu não consegui cumprir um dos meus objectivos logo no primeiro dia: mandar um cocktail molotov para o palco durante a actuação dos Toranja. Fica para a próxima. Começou-se bem, embora se pudesse ter começado melhor, logo na primeira noite, depois de me ter portado tão bem, fiz logo um enorme disparate. Já tinha jurado a mim próprio que não voltaria a acontecer mas ele há coisas inexplicáveis...
Sábado, Mafalda Veiga lá veio choramingar, e depois Luís Represas também não conseguiu acender o público. A afluência esperava-se maior mas os nomes não eram muito chamativos, admitamos. Também não consegui orientar o cocktail molotov que tinha prometido à Mafalda mas paciência, outro que fica para a próxima!
No domingo, e como bom filho que sou, fui para casa com um ramo de flores passar o dia com a progenitora e baldei-me à cerveja, aos shots, às gaijas e às bubdêras dos outros. Ouvi dizer que Rouxinol Faduncho esteve em alta mas de João Pedro Pais nem ouvi falar. Será que ele esteve mesmo lá?
Segunda ainda cheguei a tempo de bulir à tarde. Um dos problemas das barracas das cervejas é a deficiente aplicação dos recursos humanos. Nós é que estávamos lá à tarde a limpar as barracas, e elas à noite a servir cerveja. Ora as especialistas em limpeza deviam limpar e os especialistas em cerveja ocupar-se das bicas e barris! Brincadeiras à parte, o espírito entre colaboradores foi bastante agradável. Muitas das pessoas não se conheciam de lado nenhum, mas há sempre 4 ou 5 malucas que armam barraca dentro da barraca. Este ano apareceram-me lá com um megafone e o meu pum-tsca-pum fez furor! Nessa noite, aceite o convite para jogar Rugby pela primeira vez na minha vida, começa bem: ganhamos o torneio e eu até marquei um ensaio mesmo à cromo, interseção do passe e correr isolado a esquivar-me aos perseguidores. A minha equipa: Eu, Dinis, Lenga, Flor, Rita e Sidónio! Lá ganhei um bilhete para um dia à escolha, eu que não levantava os a que tinha direito. Tudo isto se passou ao som dos Fio Dental, uma bela banda de covers e do pior animador de público que existe mas não se pode ter tudo. Tomado o banho, volto para o recinto a tempo de assistir ao final da perfomance de Hélder, o Rei do Kuduro, que ao que parece fez playback, quem é que percebe estas merdas??? Havia de ser eu a mandar... De seguida, e na companhia do Sammy, da Maria, da Sandra, do Rafa e do Ricardo, assisti ao melhor concerto dessa noite, no palco da RUA FM. Eram uns cromos chamados Da Jam Band. Também foi nessa noite que tomei conhecimento da estrela-mor desta SA: nada mais nada menos que MC Pelé, um brasuca maluco que canta músicas mais velhas que o cagar directamente importado de Porto Seguro, cortesia da "Xpôrjôvein"! Depois, umas seis ou sete meninas muito mal vestidas que davam pelo nome de Rabo de Saia. 90% dos homens, pois então, ignoraram a segunda parte do nome.
E chegamos a terça-feira, dia da pesada. A mim, a afluência de público surpreendeu-me. Se no ano passado tivéramos Moonspell, este ano os cabeças de cartaz eram os Ramp, nada por aí além na minha opinião mas conseguiram (juntamente com a cerveja e umas cenas que se fumam) aquecer o público o suficiente para dar a noite por bem empregue. As outras bandas também chamaram muita gente, os Mind Lock que jogavam em casa e os Tara Perdida, a mais conhecida banda de punk a cantar em português. Nesta noite, a segurança também esteve em destaque. O ambiente era pesado, e os verdinhos faziam questão de não dar desculpas para se pisar o risco. No meio da mosh nem se dava pela diferença.
E agora quarta, uma das noites mais esperadas. Os Expensive Soul cativaram o público através do seu cunho muito pessoal, com a ajuda do Dino, um dos coristas, que também jogava em casa e que é amigo da malta. Depois, os Mercado Negro inundaram o País das Maravilhas com good vibes e às tantas, a frase mais dita era "Nã tá fácile!". Às tantas da manhã, lá foi um jovem que eu conheço, de boléia com o pessoal do SDC para o pé do S. Luís. Não havia bola, a benção das pastas era só no Sábado, mas parece que o Rebola tinha lá uma banca de T-shirts da Lacoste e o Hugo uma de calças da Levi's... notícias não confirmadas transmitidas via uáirellésse pelo grupo "barrac" da Rádio COSA!
E eis que chegamos à quinta-feira académica: Tunas Académicas! Ou por outra, dois conjuntos de galinhas, duas tostas e uma Tuna, a Versus! As tunas de Portimão deviam pagar para ter o privilégio de subir ao palco, mas no intervalo, depois dessas desgraças que dão pelos nomes de Tuna Bebes e Engatatunos, o momento da noite: Tuna COSA!!! Estava eu acabado de "enviar um fax" no backstage quando deparo com um grupo de cerca de 30 "COSOS"! O Leandro agarra-me num braço e diz-me "Tu! Tudo lá para cima!, e dou por mim a subir ao palco ainda a apertar o cinto!! Com mais de 3 minutos de ensaio e um reportório superior a 2 quadras (edição bilingue), ei-los trajados a rigor nos seus coletes rubi a cantar a "COSA que linda COSA", com letra, música e orquestração de João Carapinha, arranjos de Luís Roma, apresentação e tradução de Leandro Barros. Escusado será dizer o "sucexo" que foi. Talvez por o termos acordado o público, o que é certo é que este aderiu e correspondeu cheio de pica. Depois, e com a ajuda de MC Pelé, a Tuna COSA tornou-se num grupo de bailarinos e bailarinas com mais estaleca que as do Casino Estoril, onde se destacavam o Matthias à pá e o Leandro Sá à vassoura, secundados brilhantemente pelo Tigre a fazer a dança do ventre. Como diriam os australianos, "The crowd has gone bananas!" e as tunas é claro, ficaram com uma dor de cotovelo maior que o Everest! Esta foi também a segunda noite da sardinhada, sempre excelentemente orientada pelo Hugo (Viseu), e cuja inspecção do pescado fui obrigado a fazer tendo em vista o sempre indispensável e obrigatório cumprimento das regras de higiene e segurança no trabalho.
Na sexta tínhamos uma noite de cotas: Jorge Palma e Rui Veloso. O primeiro, incrivelmente não caíu do piano mas o segundo esteve bastante aquém das expectativas. Poucos clássicos, muita guitarrada, pouca comunicação com o público e muita bebida. Por mim esperava mais, mas o melhor dessa noite veio ao entrar da Barraca B, dava o Jorge os primeiros acordes: ao ser surpreendido com um número de gente anormalmente superior ao habitual dos últimos dias, e ao ir cumprimentando toda a gente com um "Boa noite" geral, eis que me responde a dona do sorriso mais cativante que vi nesta SA com um "Boa noite senhor forcado!" que me deixou, para além de mais corado que um semáforo, com uma inquietante sensação de «mas em qual dos dias/bubdêras é que eu te conheci para termos essa confiança?». Após uns segundos de reflexão, lá conclui que se tratava de uma "velha" amiga com muito em comum mas que nunca tinha tido o prazer de conhecer pessoalmente. E imediatamente na hora lamentei aquele momento não ter acontecido mais cedo e noutras circunstâncias!!! Valeu pela semana toda. Esta noite/madrugada acabou com uma sessão de fotos com o Jorge Palma, e com umas fotos comprometedoras de um gajo que ninguém sabe que era o Niza dormindo no meio do recinto. A bela da foto tirada pela Rita vai ser proposta para base do logotipo da XXII SA, em 2007!
Sábado, último dia de SA! Em mim, no geral, e em quase todos os elementos da COSA, em particular, era tão vísivel o cansaço como a nostalgia. O País das Maravilhas abria portas pela última vez em 2006 e as "Alices" começavam a ficar com saudades. A noite começou brilhantemente com Reacções Verbais, uma revolucionária banda de hip-hop que utiliza instrumentos como a guitarra portuguesa e o saxofone. São de Quarteira, têm elementos que estudam na UAlg e como tal foram bastante acarinhados pelo público, que curtiu milhões no aquecimento de Boss AC. Este, deu um belo concerto, com o recinto cheio. O único senão era o ambiente de cortar à faca que se vivia. Os elementos da COSA receberam instruções para despirem os "uniformes" de maneira a passarem o mais despercebidos possível no meio da multidão. Embora tenha sido o dia em que a segurança teve mais trabalho, não se registaram incidentes de maior. No fim, Pete Tha Zouk levou ao céu as cerca de 15 000 pessoas que resistiram. O Leonel, nosso caríssimo presidente visitou as barracas da cerveja, onde fez questão de agradecer aos colaboradores a sua ajuda, e testemunhou in loco o ritual de despedida da malta da "bejeca": um valente banho em cada um. Saímos de lá encharcados até aos ossos, mas com um sorriso nos lábios. A noite, porém, não acabava aí, e no backstage, ao som das conversas parvas radiofónicas minhas e do Carapinha, preparava-se a derradeira churrascada. Febras, chouriços, costeletas, tudo assado no grelhador que o Hélder com tanta dedicação fabricou, cujas brasas eram os pedaços de paletes que o Micael tinha partido com o cilindro!!!! O Sol levantava-se, a comida rareava mas a bebida não. Era ver o Leandro Barros e o Miguel a fazer drag races no cilindro e no empilhador! A deserção foi aos poucos...
Isto é um relato de um pouco do que vivi neste esplendoroso evento. Muito fica por contar e mais ainda por NÃO contar. Finalmente, e porque sou um lamechas "invertebrado" gostaria de agradecer a uma data de gente: primeiro ao pessoal do SDC, com quem é sempre um prazer trabalhar, nas pessoas do Hélder, Viseu, Cascada, Romana, Álvaro, Ruben e Paul, à direcção-geral da AA, especialmente aos Carapinha, Rebola, Vale, Hugo, Cortes, Martins, Papa, Niza e claro, ao Pedro Barros e Leonel. Depois ao restante pessoal, secretariado, as "Portimonas" e o Sammy, por nos orientarem as credenciais, Claudine e Catarina por serem sempre elas quem chateávamos para reclamar os bilhetes, senhas e contra-senhas a que tínhamos direito! Por fim, e por serem aqueles com quem mais directamente trabalhava, o pessoal das barracas da cerveja; Vagner, Chico Zé, as colaboradoras todas, sem esquecer a malta da Cibal, sempre disponíveis, em especial o nosso grande Chiquinho!!! Este foi, para mim, o melhor País das Maravilhas de sempre, muito embora o cartaz pudesse ter sido mais apelativo, convenhamos. Para o ano, se me quiserem, cá estarei, sempre com o espírito a mil e orgulhoso por fazer parte deste evento! AVÉ!