segunda-feira, outubro 05, 2015

Legislativas 2015 ou Como-Andamos-A-Brincar-À-Democracia-Sem-Nos-Darmos-Ao-Trabalho-De-Saber-O-Que-É-E-Como-Funciona

Vamos lá falar dos resultados eleitorais, então.
Primeiro a aritmética:


·      A coligação teve mais votos (1 979 132), logo, em absoluto, ganhou. La Palice não o conseguia colocar mais claro. Teve portanto menos 830 000 votos que ambos PSD e CDS há quatro anos. Passam de 132 para 102 deputados, ou seja, perdem 30.
·      O PS subiu, de 1 566 347 para 1 740 300, mas foi o grande derrotado da noite. No entanto, passa de 74 para 86 deputados, ganha 12.
·      A CDU manteve o mesmo número de votos (menos uns desprezáveis 3000) mas ganha 1 deputado, de 16 para 17, e mesmo assim também é considerado uma das derrotas da noite, porque passa de terceira força política, para quarta.
·      O Bloco de Esquerda foi a maior surpresa da noite, ao passar de 288 923 votos para 549 153, praticamente duplicando os eleitores e subindo de 8 para 19 deputados, ganhando 11, portanto.
·      O PAN conquista um deputado. Ou um Labrador, ainda não se sabe.



Agora analisemos as reacções perante os números:


·      A coligação festeja como se de uma estrondosa vitória se tratasse. A expectativa num resultado bom era tão baixa, que uma qualquer vitória por mais que meio voto já seria motivo de regozijo. A única explicação que encontro para isto é que o governo melhor que ninguém, e os partidos que o apoiam, sabem exactamente que tipo de trabalho fizeram e que impacto o mesmo causou na opinião pública e no seu próprio eleitorado de há quatro anos. Faz lembrar quando um clube na UEFA ganha 1-0 fora ao Real Madrid depois de ter levado 10-0 na primeira mão em casa. Fomos eliminados mas ao menos marcámos um golinho. Mas aparentemente, esta coligação sabe melhor que ninguém que não deveria estar a governar, daí os festejos. Foi de facto uma façanha, depois destes 4 anos, conseguirem manter-se os mais votados.
·      O PS conquista mais alguns deputados, mas não os suficientes para sequer chegar perto da coligação. Uma tempestade perfeita para a coligação deitou por terra as pretensões de Costa, senão vejamos: uma soberba desmesurada tão característica do PS era-Sócrates, uma confiança excessiva no desagrado popular perante a governação, uma campanha desastrosa desde o primeiro dia sem nunca conseguirem passar a mensagem, o mediático caso da investigação de Sócrates que culminou nos seus vários meses preso, logo após a eleição de Costa, e na sua libertação imediatamente antes das eleições, passados 11 meses, sem nunca o seu fantasma ter parado de pairar sobre a candidatura de Costa a primeiro-ministro.
·      O BE praticamente duplica a sua votação, roubando votos à direita e ao PS. Catarina Martins aparentemente enterrou de vez  o fantasma da cisão no seu partido, com o bónus de nenhum dos dissidentes ter tido uma votação expressiva. Nem o Livre nem o MAS conseguiram sequer colocar-se em bicos dos pés, juntos alcançaram 1,10%. É talvez a única com razões para festejar.
·      A CDU embora conquiste um deputado, elege em menos distritos que o Bloco e ainda vê distritos onde outrora dominou, como Évora, passar para terceiro, atrás da coligação e PS. Em Aveiro, Coimbra e Leiria, por exemplo, não elege nenhum deputado, ao contrário do Bloco, que elege em todos.



Agora especulemos sobre o futuro:

O governo é formado por convite do Presidente da República. Este tem a responsabilidade de ouvir todas as forças eleitas e decidir por quem dê mais garantias de estabilidade governativa, leia-se mais apoio parlamentar. Há quatro anos o PSD foi o partido mais votado mas sozinho não poderia governar, daí ter “convidado” o CDS para incorporar um governo de coligação. Porém, dois anos antes, o mesmo Presidente tinha empossado um governo de apoio parlamentar minoritário, e sem qualquer tipo de acordo com outros partidos, nem parlamentar, nem governativo. Dois anos depois, e sem apoio parlamentar, esse mesmo governo caiu e provocou as eleições de 2011.
Portanto o que fará Cavaco? De relembrar que a Assembleia não pode ser demitida no seu último ano de mandato, nem o Presidente da República o pode fazer nos seus últimos 6 meses de mandato. Portanto qualquer governo que sair deste sufrágio, minoritário ou não, terá de se aguentar no mínimo até Junho de 2016. Escassos 8 longos meses se tivermos em conta que há um Orçamento de Estado para votar num hipotético cenário de minoria governativa.
Cavaco disse à beira das urnas que já teria estudado todos os cenários, uma atitude habitual de quem “jamais se engana e raramente tem dúvidas”, o que deixa antever que empossará a coligação, mesmo em minoria, e caso não haja entendimentos parlamentares ou governativos, novas eleições legislativas poderão surgir já em 2016.

Por fim, perguntas que gostaria de ver respondidas:

            Ao Paulo Portas: Qual foi o partido (não a candidatura) mais votado? Ou o CDS vale uns fortíssimos >4% e foi o PS, ou o CDS é tão irrisório que foi o PSD sozinho a ter aquele resultado fantástico da coligação.
            Outra para o Paulo Portas: Há 10 anos demitiu-se do seu cargo no seu partido por, segundo ele,  em nenhum país civilizado do mundo a diferença entre os trotskistas e democratas-cristãos é de um por cento”. Essa premissa é para continuar? É que ou o PSD vale uns míseros 27% ou o CDS não chega a metade do Bloco, e aí a diferença não é nem de 1%, nem para cima, mas para baixo.
            Ao António Costa: A sério que contaram de tal maneira com o ovo no cu da galinha que acharam que estava no papo sem bulirem uma palha? A sério que nunca faltaste quando foi preciso? Foi preciso seres empurrado 3 vezes e só aí conseguires avançar para uma triste figura de assaltar o poder a um líder acabado de vencer umas eleições? A sério que esperavas que isso sairia impune aos olhos do teu próprio eleitorado? E como foi possível uma campanha com erros amadores em pleno século XXI. A condescendência da superioridade intelectual e moral com que trataram inclusivamente o próprio eleitorado custou-vos a eleição. Não foi por acaso e enquanto não reflectirem nisso, a direita continuará a agradecer-vos.
            À CDU e ao Bloco só tenho a seguinte dica para dar: enquanto continuarem a luta fratricida com base no puro orgulho estúpido à volta do “Eu sou mais de esquerda do que tu!” não vão passar dos 10%. Enquanto não explicarem ao vosso eleitorado e não só, que estão prontos a discutir com o PS possíveis consensos para governar, nunca serão governo. Enquanto alardearem que o vosso inimigo é a esquerda e ao mesmo tempo sabotarem os únicos que os poderão derrotar e roubar o poder, nunca serão governo. Serão só um bando de gaiatos birrentos que toda a gente se farta de ouvir e a quem não liga nenhuma.  Porque é que o Jerónimo só veio dizer que estava pronto a “assumir responsabilidades governativas” a duas semanas das eleições? Porque é que o Bloco malha tanto ou mais no PS do que no governo?? Será que a esquerda não percebe que um PS fraco torna a direita e não a esquerda mais forte? Não conseguirão colocar o romantismo de parte e ser um pouco mais pragmáticos? Sim, como a direita o é, na altura de ditar a táctica!!

            Para concluir, e independentemente do resultado, porque não foi isso que me motivou esta análise, continuo triste pela falta de cultura democrática do povo português. Ou são incapazes de aceitar o resultado do sufrágio popular, com tiques do antigamente, ou votam inconscientemente. O resultado do PAN é resultado do típico voto de protesto, felizmente não o é de pessoas conscientes e de que leram aquele programa eleitoral. Eu sou completamente a favor do voto nos partidos pequenos como forma de protesto, eu próprio teria votado num se tivesse hipótese de eleger um deputado que não saísse de apenas 3 forças políticas no meu distrito, mas votar no PAN só porque são inofensivos é bem mais perigoso que qualquer governo da coligação. O número da abstenção é alarmante, e acabou por ser a única coisa em que as sondagens se enganaram. Enquanto assim for não teremos razão para nos queixarmos seja do que for e, na minha opinião há bastante trabalho a ser feito nesse aspecto, e não só a nível da AR mas a nível de movimentos cívicos e responsabilidade de exercer uma cidadania plena, sob pena de continuar a deixar que os outros decidam por nós. É que no tempo do Senhor Presidente do Conselho já era assim...
            Nas próximas eleições o meu círculo eleitoral já vai ser o “Fora da Europa”.


NOTA: Podem consultar os dados disponíveis no site da CNE.



segunda-feira, maio 11, 2015

Lições de Vida de Timor ou "A Minha Correspondência Com Um Prisioneiro Político".

Há exactamente 20 anos atrás, no dia 10 de Maio de 1995, tinha eu 11 anos, recebi uma carta que mal sabia eu, iria influenciar a minha personalidade de uma maneira que nada até então o havia ainda feito.
Lembro-me perfeitamente dessa tarde. Estava em casa da minha avó, a almoçar com a minha família toda e, como de costume, assim que ouvi o carteiro colocar a correspondência na caixa do correio, levantei-me a correr (sempre fui um rapaz muito prestável) e lá fui buscar os envelopes à caixa de madeira do lado de dentro da porta. Não o fiz nesse dia de maneira diferente do que o fazia todos os dias. Era simplesmente um ritual que eu gostava de fazer, muito embora um rapaz de 11 anos não recebesse muita correspondência (ou nenhuma) e eu ter, na altura, a perfeita noção disso. Não estava à espera de correspondência para mim.
Mas nesse dia, no meio da publicidade, facturas e outras coisas, vinha um pequeno envelope com o meu nome no destinatário. Nome completo. Morada completa, código postal incluído. Sem remetente. O envelope era de correio aéreo e trazia colados 5 selos com uma cara conhecida. Não conhecida por muitos meninos de 11 anos, mas enfim, fui precoce em meia dúzia de coisas. Os selos tinham a efígie de Suharto, o presidente indonésio. 
Não tive dúvidas do que se tratava. Mas também não sabia ao certo o que era. Agora, voltemos atrás no tempo.
No início do ano lectivo 94-95, o meu 6º ano, houve já não sei por iniciativa de quem, a "Campanha do Amigo Invisível". E de que se tratava esta campanha? Era tão somente uma manobra de publicidade e sensibilização para a situação política de Timor, em particular para a questão dos prisioneiros políticos ou "presos de consciência". Na altura a prof.ª Joana Caeiro explicou-nos em poucas palavras do que constava esta acção. O que se pretendia era "entupir" as caixas de correspondência das prisões indonésias onde estavam detidos prisioneiros políticos timorenses e chamar a atenção da comunidade internacional para a questão Maubere.
Agora relembro-vos a situação em 1995. O massacre do Cemitério de Santa Cruz ocorrera há já quase 4 anos. Passados pouco mais de 3 meses, em Março de 1992 o episódio do Lusitânia Expresso captara pela segunda vez num curto espaço de tempo o foco da imprensa internacional para a questão dos direitos humanos em Timor-Leste. Em Novembro desse mesmo ano, um ano após Santa Cruz, o líder da resistência timorense, Xanana Gusmão é capturado pelos invasores, e em Maio de 1993 é julgado e condenado a prisão perpétua, pena posteriormente comutada pelo próprio Suharto para 20 anos. Ainda na prisão, Xanana é condecorado pelo governo português com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, quiçá para disfarçar o mal que ficou na fotografia o MNE Durão Barroso com o correspondente Indonésio Ali Alatas enquanto brindavam com champagne a bordo de um avião o acordo alcançado sobre a exploração do petróleo do Mar de Timor.
Voltando às minhas aulas de português, foi-nos entregue uma lista com cerca de 20 nomes de prisioneiros. Alguns só tinham o nome e a prisão. O único que reconhecíamos era, efectivamente, o mais mediático: Xanana Gusmão, detido na cadeia de Cipinang. Ao passar os olhos pela lista lembro-me de pensar "E agora? A qual destes coitados vou eu escrever? Como decidir?". Agora, à distância, vejo claramente o cruel que foi esta escolha para mim e, no entanto, se há alturas em que as circunstâncias nos fazem acreditar na Providência, esta teria que ser uma delas. Acabei por escolher o nome que mais dados tinha. FRANCISCO MIRANDA BRANCO, 44 anos, casado, 7 filhos, condenado a 15 anos de prisão, detido em Semerang. Além disso, sempre gostei do nome Francisco. Decisões difíceis, lógicas simples.
Lá cumpri com os meus deveres escolares e cívicos nas próximas semanas. Ao ritmo de mais ou menos uma carta por mês, devo ter enviado meia dúzia de missivas para a Indonésia, em envelopes de correio aéreo, com um preço exorbitante de, salvo erro, 300 e qualquer coisa Escudos. Tal como havíamos sido informados, não esperávamos obter qualquer resposta, pois sabíamos da censura de que era alvo a correspondência vinda de Portugal. Passados todos estes anos, não me lembro do que escrevia. Porém lembro-me de ter tentado manter uma linha cronológica de uma carta para a seguinte ao mesmo tempo que fazia apresentações e referências como se fosse a primeira, não fosse ter sorte e a conversa ter alguma lógica.
Voltando ao dia 10 de Maio de 1995, a carta foi aberta ali mesmo, à mesa, e lida. Num português perfeito, numa caligrafia fina e elegante, Francisco Miranda Branco apresentava-se em três páginas e meia de um papel fininho. Juntava uma fotografia e um cravo espremido contra o papel (a carta era datada de 25 de Abril) e explicava no post-scriptum o método a utilizar futuramente: eu deveria enviar a minha correspondência para uma freira católica que por sua vez a faria chegar às suas mãos, na prisão. Um dos poucos direitos que tinham na reclusão era o de poderem ter assistência religiosa. Aparentemente fora assim que uma das minhas cartas lhe tinha ido parar às mãos: a freira interceptara-a ao reconhecer o nome e entregou-a ao destinatário. No final, um pedido. Livros. O homem queria livros. Sobretudo um dicionário de inglês, para o ajudar a escrever as suas respostas às cartas que recebia de todo o mundo, e que não eram censuradas como as nossas. Não foi preciso ler a carta duas vezes para percebermos que estávamos perante um homem extremamente inteligente, culto, e que embora preso, continuava a lutar e a ser em certa parte, livre.
Nos anos seguintes trocámos cerca de duas dezenas de cartas. Por vezes recebia-as através de intermediários, umas vezes da Suécia, outras de Inglaterra. Ainda troquei umas quantas cartas com o meu correspondente sueco. Nas suas o Francisco contava-nos o seu dia a dia de medo na prisão, nós descrevíamos os nossos esforços para a causa timorense. Trocámos contactos, actualizávamos informação, concertávamos acções mais ou menos simples tudo relacionado com essa arma tão importante: Informação.
Nessas missivas o Francisco descrevia os horrores de invasão indonésia. De como tinham feito campanhas de vacinação em Timor que mais não eram de métodos disfarçados para esterilizar mulheres, de como lançaram o rumor que alguém na prisão tinha instruções para os matar (havia mais timorenses detidos em Semerang), etc. Lembro-me de uma carta em que dizia que não descrevia tudo, nem ao pormenor, porque eu era apenas uma criança. Mas eu já tinha deixado de ser criança desde o dia 10 de Maio de 1995. Na altura fiquei indignado e confesso desiludido com o meu amigo "invisível".
Graças a esta iniciativa surgiram outras, na minha escola, da qual era Directora a minha mãe. O que hoje chamaríamos de spin offs. O meu professor de música fez uma música, agarrou nuns putos e fez um grupo que cantava por todo o lado sobre Timor e não só. Foram à televisão umas quantas vezes e lá iam levando a água ao nosso moinho. Em 1996, José Ramos Horta e D. Ximenes Belo são galardoados com o Nobel da Paz e eu, durante um jantar de homenagem ao bispo timorense em Évora, consigo dizer-lhe algumas palavras e mostrar-lhe algumas das cartas do Francisco. D. Ximenes agradeceu-me, sorrindo, e disse-me para nunca perder a esperança e continuar a ajudar o meu amigo Francisco. Se há momentos em que acreditamos que há homens santos e cuja aura quase podemos tactear, os poucos minutos que falei com D. Ximenes Belo são um deles. Por altura do referendo, em Agosto de '99, e dos difíceis meses da transição, no Redondo, já toda a gente estava sensibilizada para questão Maubere. Todos os pais com putos na escola já tinham frequentado ou participado num evento relacionado com Timor. Uma única carta provocou o efeito bola de neve. Houve inclusivamente uma outra aluna cujas cartas, uns anos depois das minhas, foram recebidas por um outro prisioneiro, mas que não teve a mesma frieza de espírito de lhe facultar uma nova morada e método de troca de correspondência.
Na prisão, o Francisco conseguiu arranjar um telemóvel. Ligávamos por vezes da escola e ele atendia. Relatava o que ouvia, ansioso acerca do seu futuro. Sabíamos que era uma questão de tempo até à libertação dos presos políticos mas, e se "acontecia" algo entretanto? Ana Gomes era na altura a liaison do governo português e facultava-nos a informação acerca dos desenvolvimentos dos processos de libertação dos presos políticos. (Tive há dias oportunidade de a encontrar no aeroporto e de trocar algumas palavras com ela, que recordou perfeitamente o nome do Francisco, da prisão e das circunstâncias da sua libertação) Na televisão assistíamos à invasão da sede da ONU, em directo, e às entrevistas que Sérgio Vieira de Mello ao som de tiros e de pessoas a pularem a rede para entrarem no recinto dos capacetes azuis. 
Finalmente, e já não me recordo ao certo a data, recebemos a notícia de que o Francisco havia sido libertado e se encontrava já a caminho de Timor. Exultámos com a boa nova, é claro. Não fui mais que uma pequena peça na engrenagem, mas orgulho-me do pouco que consegui fazer. Espero um dia poder compensar aquilo que não consegui fazer por Timor.
Passados uns meses, o Francisco veio a Portugal, onde tinha a parte da família exilada. Conheci-o à porta do apartamento onde vivia o seu pai, quando o fomos buscar para conhecer a minha terra. Cumprimentámo-nos como se nos conhecêssemos desde sempre e nos tivéssemos visto ontem. Esteve no Redondo, demos entrevistas para a RTP, participámos em conferências. Lembro-me de o meu pai lhe agradecer, em lágrimas, o que tinha feito pelo seu filho, eu, numa conferência que teve lugar na biblioteca do Redondo. Depois disso tivemos contacto esporádico, através de um militar do Redondo que esteve na UNAMET e de uma professora que esteve lá.
Desde há muitos anos, ainda com o meu amigo preso, decidi que um dia que seja pai, o meu filho chamar-se-á Francisco. Entretanto o meu irmão antecipou-se e baptizou o meu sobrinho de Francisco. Entretanto o próprio Papa escolheu ser Francisco. Mas não faz mal.
Há duas semanas atrás, e após ter tentado várias vezes sem sucesso reatar o contacto com o meu amigo Francisco, eis que finalmente o achei no Facebook.
Agora sim, poderemos por a conversa em dia. 
Em 1512 os Portugueses chegaram a Timor.
Em 1975 deixámos abandonados à sua sorte um povo desamparado.
A 30 de Agosto de 1999 os timorenses escolheram ser independentes.
A 22 de Setembro do mesmo ano forças australianas invadem o território para controlar as milícias pró-indonésias, que espalhavam o caos, matavam e pilhavam indiscriminadamente.
A 19 de Outubro de 1999 o governo indonésio aceitava os resultados do referendo.
A 20 de Maio de 2002 Timor-Leste torna-se no 191º Estado Independente, e no 8º País de Língua Oficial Portuguesa.
E daqui por uns tempos, é garantido que verão este vosso amigo por Timor-Lorosae.

quarta-feira, novembro 12, 2014

António Costa está pronto!

Hoje foi anunciada a criação de uma taxa turística para a cidade de Lisboa. Ainda por explicar estão os moldes em que semelhante benesse vai funcionar, mas prevê-se que tudo quanto aterre na Portela vá arrotar 1€ assim como quem passar uma noite numa qualquer estalagem da capital, seja o Sheraton ou uma pensão sebosa no Caix'odré.
É inteligente. Taxar um sector que está em crescimento, é dos poucos que está a criar emprego e um dos que projecta melhor imagem desta República das Bananas, é de estadista. Só que não. Mas no entanto até percebo esta postura de António Costa enquanto presidente da CML. Mais não faz que dizer-nos que está absolutamente pronto e habilitado para ser primeiro-ministro do nosso país. Tem toda a lógica desatar a taxar tudo e mais alguma coisa. Nós já percebemos António. Obrigado.


A desculpa é, pasme-se, a pioneira conversa do "ah e tal, lá fora nas grandes capitais europeias também existe esta taxa, logo, Lisboa para ser uma metrópole digna das suas irmãs europeias também tem que ter esta taxa". Parece que o dinheiro já está destinado para se fazer mais um mega pic-nic do Continente, uma praia no Jardim da Estrela, 3 parques de estacionamento na Bela Vista e metade de uma ponte sobre o Tejo. (a outra metade vai ser financiada pela Câmara Municipal de Almada com a sua própria taxa turística)
É curioso que os nossos políticos continuem a ter esta mentalidade do "lá fora também é assim e nós temos que fazer igual aos outros para sermos sofisticados como eles" que se transforma no "somos um país com características geo-socio-económicas muito particulares que requerem uma abordagem diferenciada dos outros países da Europa central" quando nos dá mais jeito, leia-se, quando temos que choramingar por subsídios, perdões de dívida, défice orçamental ou quando ameaçam a integridade da nossa ZEE e nós reagimos como a defesa do Sporting.
O sector do turismo, esse, não sabe o que é diferenciação. Aliás, os maiores casos de sucesso do turismo nacional não o são por se diferenciarem dos concorrentes e o turismo nacional em si também não é nada diferenciado do dos outros países. Agora retirem os "não" desta última frase e o sarcasmo também sai.
Dizem os juristas e especialistas em direito fiscal que há diferenças entre taxa, imposto e tarifa. E porque eu não sou jurista mas até me safei a Direito Fiscal, vou tentar explicar da simples maneira que entendi essas diferenças: o imposto é unilateral, isto é, a relação só tem um sentido, pagamos e pronto. O IRS e o IVA são transversais a toda a população (pausa para recuperar do ataque de riso, mas continuemos). Na taxa existe uma relação bilateral, ou seja, nós pagamos em troca de um serviço, como por exemplo o de ocupar a via pública ou os serviços sanitários providenciados pelos municípios. Agora vai haver uma taxa para se dormir e "chegar" a Lisboa. Ou seja, vamos pagar uma taxa por estarmos a contribuir para o desenvolvimento de um dos sectores mais sólidos da nossa economia. Vamos pagar uma taxa por incentivarmos o crescimento da economia portuguesa. Sim, vamos, porque os portugueses, onde possivelmente estarão também incluídos os residentes da capital, também irão pagar essa taxa. Pois, porque isto de incentivar o crescimento económico é algo que tem que ser taxado! Ah bom! Então agora era assim, não? Vá de incentivar o crescimento e contribuir para o desenvolvimento? Olhem só que rebaldaria! Há que taxar estas coisas perigosíssimas... 
E voltando à definição de taxa, qual é o serviço prestado? Para além do facto de Lisboa estar no mesmo sítio, a menos que haja um terramoto como o de 1755, não estou a ver...



ANEXO

Sugestão de Taxas que Lisboa deveria ter:

Taxa de Bom Tempo: porque o Sol faz bem na medida certa e o calorzinho faz-nos poupar na factura da luz e gás.
Taxa do Mau Tempo: porque traz a chuva tão benéfica para a agricultura e para consumo doméstico.
Taxa de Saída: porque a qualidade de vida é tão boa em Lisboa que se quisermos sair teremos que pagar por isso. A autarquia preocupa-se com o nosso bem-estar e reprova esta ideia de sairmos da capital.
Taxa de Defecação Canina: Já que os donos dos cães em Lisboa gostam de deixar cagalhões (dos cães, presume-se) na via pública, se pagassem esta taxa as outras 189 que existem tornar-se-iam obsoletas.


Taxa de Banhada ao Turista: por cada turista que um fogareiro deixasse no aeroporto, para compensar a oportunidade tida para aumentar em 350% o valor da corrida.
Taxa do Pessoa: cada foto tirada com alguém sentado ao lado do Pessoa n'A Brasileira.
Taxa das Casas Vazias: por cada inquilino ilegal, ambos inquilino e senhorio deviam pagar uma taxa, pelo serviço prestado de deixar que não passem recibo.

segunda-feira, junho 16, 2014

San Antonio Spurs Times FIVE

Em jeito de rescaldo da época 2013/2014 da NBA terei que tirar o meu chapeaux ao grande Gregg Popovich. É o treinador há mais temporadas consecutivas ao comando de uma equipa da liga (18) e conquistou ontem o seu 5º anel de campeão. Nada mal e ainda melhor quando verificarmos que todos nos últimos 15 anos. Ou seja, em cada 3 anos, é garantido que San Antonio ganhe um título. Isto só é possível com uma grande gestão da parte dos donos/managers da equipa, mas também de uma atitude e focalização nos objectivos anteriores ao momento em que o shot-clock começa. Isto é: é preciso saber-se exactamente onde se está, para onde se quer ir, e como se vai.


É preciso muita perseverança, determinação e humildade para em 15 anos ganhar 5 títulos, curiosamente nenhum deles consecutivo. 5 vitórias em 6 finais, já agora. A única em que não tiveram sucesso foi a do ano passado, perdida estupidamente por uma "não decisão" nos últimos segundos do último jogo.


O maior feito de "Popo" e de toda a estrutura dos Spurs é terem conseguido aglomerar os jogadores mentalmente mais apropriados para o seu estilo de jogo e atitude face ao jogo em si. Tim Duncan conta 38 anos mas luta por cada bola como se fosse um rookie, é a antítese da NBA superstar com que tantas outras equipas contam mas não ganham nada. Nascido nas Ilhas Virgens Americanas, foi para o continente com uma bolsa universitária de natação, mas depressa o tiraram da piscina e lhe colocaram uma bola nas mãos e aí sim, é como peixe na água. Era rookie no primeiro título e impôs-se ao lado de uma das maiores estrelas de sempre da competição: David "The Admiral" Robinson. Sucedeu-lhe na chefia da equipa e cedeu-a por sua vez a Tony Parker, um francês desconhecido, escolhido na 28ª posição da primeira ronda do draft a quem ninguém augurava vir a ser uma das maiores estrelas do desporto da actualidade. Ginobili, outro estrangeiro, é um argentino canhoto que bombardeia o cesto como nenhum outro, e mais um que lidera numa equipa sem líderes. Parker e Ginobili ganharam 4 dos 5 anéis dos Spurs. Nesta equipa cuja fortaleza é precisamente esse conceito: ser uma equipa em todo o conceito da palavra, ainda emergem outros nomes: Thiago Splitter, um poste brasileiro de quem só Gregg Popovich conseguiria fazer um jogador digno desse nome, o substituto natural de Tim Duncan; Paty Mills, um base desprezado de todas as equipas por onde passou e que conquistou o seu lugar como tenente de Tony Parker; Boris Diaw, outro francês, lutador, sem grandes números mas impressionante na batalha das tabelas e na agressividade que traz às resfregas, ainda lança de 3; Danny Green, que o ano passado bateu o record de mais lançamentos triplos numa final da NBA é outro dos pilares da equipa; e Matt Bonner, um big guy que lança de 3 sempre útil quando é preciso carne para canhão ou para lançar em desespero. Finalmente, Kaw'hi Leonard, um extremo allaround, na sua terceira época, que tinha estado apagado nos playoffs e que explodiu nas finais, defendendo LeBron James como uma lapa e sendo o chamado "the ring factor" para a sua equipa. Foi muito justamente nomeado o Finals MVP de 2014.


Mas quem mais merece mais este anel é o lendário Gregg Popovich. Não diria que é um Mourinho do basket, mas no seu estilo rezingão e parece-que-está-sempre-zangado-com-o-mundo é dos poucos treinadores que consegue dar aos seus jogadores um tratamento capilar à Alex Fergunson. É vê-lo a gesticular e a espernear e a entrar no campo quando pede um time-out para berrar bem junto ao nariz de estrelas como Duncan, Parker ou Ginobili.


Nunca gostei muito de San Antonio, mas reconheço que é o franchise da NBA mais estável e com probabilidades de se obter sucesso, e em grande parte o deve ao "Popo". Para o ano há mais. I REALLY FUCKING LOVE THIS GAME!

sábado, junho 07, 2014

Dia D - O Dia dos Dias


Em 1944, Estaline há muito que pressionava os seus aliados ocidentais Churchill e Roosevelt a abrir uma frente de guerra na Europa, com o intuito de lhe aliviar a forte pressão que Hitler colocara às portas de Moscovo. Estalinegrado e outras cidades soviéticas estavam completamente destruídas e, muito embora Estaline tivesse assinado em 1939 o Pacto Molotov-Ribbentrop com Hitler (que determinava 5 anos de paz entre as duas nações e a divisão futura da Polónia), este último havia-o traído invadindo a URSS 3 anos antes, naquele que terá sido a pior decisão militar de Hitler. Estaline então passou a lutar contra a Alemanha Nazi, e em sintonia (ainda que pouca) com os Britânicos e Franceses. Os Americanos só entraram na resfrega no final de 1941, após o ataque japonês à base havaiana de Pearl Harbor.

Há 70 anos atrás foi posto em prática o maior plano de mobilização militar jamais idealizado: 

                                           


O Objectivo - The Day of Days
Invadir o Velho Continente e obrigar a Alemanha, imediatamente após a derrota de Estalinegrado, a combater numa frente Oeste, libertar Paris e toda a França livre, e abrir caminho para marchar sobre a Alemanha Nazi de Adolf Hitler. 

A Diversão - Operation Body-Guard
Sob o nome de código Operation Fortitude os Aliados fizeram lançamentos de bonecos para-quedistas, mensagens de rádio genuínas, e lançamentos por bombardeiros de limalhas de ferro e detritos (para os radares alemães lerem que grandes massas se deslocavam na sua direcção), assim como o rumor de que Patton iria chefiar a invasão, fizeram os alemães acreditar que esta teria lugar mais a Norte, em Calais, no ponto mais estreito, e portanto de mais rápido acesso à costa, do Canal da Mancha. Hitler ordena ao seu mais reputado estratega que planeie e execute a defesa em Pas-de-Calais: um contrariado e cansado Erwin Rommel, convicto que estava que o ataque Aliado seria mais a Sul, na Normandia.

A Primeira Vaga - Operation Neptune
À Hora H -5, nas primeiras horas do dia 6, 1200 C-47 levantaram vôo de inúmeras bases aéreas britânicas e atravessaram o Canal da Mancha por cima de nuvens pesadas. Transportavam 15 000 pára-quedistas que seriam lançados por trás das linhas alemãs, para efectuar manobras de guerrilha e tomar objectivos estratégicos, tais como estradas, pontes, diques e linhas férreas. Embora tenha havido inúmeros erros de navegação e ausência total de comunicação entre os aviões e o comando, o que fez com que a maior parte do efectivo saltasse disperso sobre os seus objectivos, pelo meio-dia de dia 6 os airborne americanos, britânicos e canadianos tinham tomado a maior parte dos seus objectivos e contactado as tropas de infantaria que desembarcaram nas praias.



A Invasão - Operation Overlord
Projectada por Eisenhower a pedido de Roosevelt e Churchill, liderados por Montegomery e Bradley, 160 000 soldados transportados em 14 000 barcos atravessaram o Canal da Mancha e desembarcaram em 5 praias normandas, nomes de código Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. O fumo negro dos canhões de mais de 1200 navios de guerra ao largo, cobriram o céu nublado daquele dia e destruíram grande parte das defesas alemãs. Nas praias normandas pereceram "apenas" 4000 soldados aliados (2000 dos quais em Omaha Beach), um número incrível perante uma defesa fixa, sólida e com vantagem no terreno. A resistência alemã foi quase totalmente aniquilada e apenas em Omaha Beach, por causa do mau tempo e correntes fortes não pôde ser dado apoio de artilharia às tropas, que desembarcaram a cerca de 100 metros da praia e se tornaram alvos fáceis para as defesas alemãs.

                                           

O Resultado - Ao fim de poucas horas passadas sobre a Hora H do Dia D, as tropas aero-transportadas americanas diziam a piada "Hitler fez muito bem em ter construído a Muralha do Atlântico, mas esqueceu-se de lhe colocar um telhado." A 25 de Agosto os Aliados concedem ao General Leclerc a honra de entrar vitorioso em Paris e libertar a cidade do jugo Nazi. A II Guerra Mundial extender-se-ia ainda por mais 8 meses na Europa, e 13 no Pacífico, mas foi graças à Invasão da Normandia que se deu o ponto de viragem do maior conflito bélico da História da Humanidade. 



Para que a Memória não se esvaia...

quarta-feira, janeiro 01, 2014

O Poder da Sugestão e o Comportamento de Manada

Primeiro que tudo meus amigos, deixem-me pedir-vos desculpas por duas razões: por vos usar neste ensaio comportamental que resolvi fazer convosco que já não é o primeiro, mas este foi o primeiro no qual necessitaria sempre de abrir o jogo, no final. E por não corresponder às expectativas da julgo grande maioria de vocês, que botou um "láike" no meu post no Facebook, para me verem pelado em cueca azul bebé.
Mas não se sintam enganados, por favor. Eu tenho uns boxers azuis vestidos, cumprindo a tradição do ano novo. Custaram-me ontem 5 aérios e 90 numa retrosaria duns monhés, na Morais Soares. E tenho uma testemunha do mais fidedigno que há: a minha querida mãezinha a quem fiz questão de os mostrar para que ela possa testemunhar a meu favor, e porque normalmente é ela quem mos oferece todos os anos, mas em 2013 olvidou-se e por isso fiz questão de lhe mostrar que continuo a respeitar a tradição.
Agora a parte técnica. Ao escrever o post tive cuidado com as palavras o suficiente para não vos suscitar quaisquer dúvidas. Verdade? Pode-se dizer que sim, pode-se dizer que não. Mas é claro que eu esperava que vocês não tivessem dúvidas, e pelos vistos ninguém (a não ser, talvez, os que me conhecem muuuuuito bem) teve, de que eu iria postar uma foto minha SÓ em boxers por uns mero 20 likes. Não é que não o pudesse fazer, mas também, porra, não me faço assim tão barato. Ora o que a maior parte de vós leu foi precisamente a palavra que lá não está, o "SÓ". Esta é a parte do Poder da Sugestão. As pessoas vêem o que querem ver. O Comportamento de Manada fez o resto.
Toda a gente sabe que o sexo vende. Eu não sabia que até o meu vendia. Atenção, não me julguem mal, (outra vez) porque eu sei que não sou nenhum manequim de roupa interior, mas convenhamos que se eu tivesse colocado uma coisa do género "aos 50 likes ponho um gorro de Pai Natal", provavelmente nem 5 teria, enquanto se fosse "aos 50 likes fico SÓ de gorro de Pai Natal", provavelmente também superaria esse número. De amigos e amigas de infância, família (por amor de Deus uma prima perguntou-me se com 45 likes iriam ter direito a bónus seja lá o que isso for, valha-me Deus), pais de família, mães de família, casados e solteiras, colegas e miúdas que já me viram de boxers e sem boxers bem mais que uma vez, practicamente todos os grupos do meu Facebook estavam representados.

Depois, e continuando no comportamento de manada, aposto que ninguém se interrogou sobre o número 20. Pareceu-me um número razoável para atingir em duas horas num feriado em que a maior parte da malta está em família, reunida. E não está escrito "mais de 20", está só "20". Isto é, o gajo que láikou aquilo em 21º é claro que nem se deu ao trabalho de reparar que já lá estavam 20, mas isso é igual ao litro, neste caso, porque caso se tivesse "encolhido" alguma outra pessoa o iria fazer no seu lugar. Até porque ninguém fez um comentário acerca disso é que deduzo que nenhum de vós se lembrou disso.

Portanto, e embora não esteja a cumprir, porque só deveria postar a foto caso o post tivesse os 20 likes somente, tomem lá a foto do vosso amigo "envergando a magnífica cueca azul do primeiro dia do ano". Ela está cá, mas não se vê. Obrigado por participarem neste ensaios, minha gente taradona.



Bom Ano Novo!

terça-feira, novembro 26, 2013

25 de Novembro SEMPRE!!!

A prova em como a História consegue ser, por vezes, injusta, é que ninguém sabe/quer/pode responder à questão: "Por que raio não é o 25 de Novembro feriado em Portugal?"
Como o disse hoje e muito bem o poeta Manuel Alegre "Eu não separo o 25 de Novembro do 25 de Abril porque o 25 de Novembro repôs o curso democrático do 25 de Abril." Só foi pena não rimar, Manél, mas OK.
O 25 de Novembro é a data em que os comunistas e os de extrema-esquerda entram em negação. É a Fernandinha dos adeptos do Porto. É o Luisão dos sportinguistas. É o minuto 92 dos lampiões. Todos sabem o que se passou, mas não gostam de falar disso. Envergonha-os.
As palavras do poeta são tão lúcidas que me apanharam desprevenido, confesso. A mim, sempre me deixou curioso esta data. Sempre perguntei aos meus pais, "mas afinal o que se passou a 25 de Novembro?" e a resposta era esta, mais coisa menos coisa "Opá, aquilo foi o Otelo que meteu os pára-quedistas a tentar levar o poder para a esquerda, e depois o Eanes mandou o Jaime Neves pôr ordem naquela gente toda antes que se matassem". Curto e grosso, acho que é uma bela explicação. Mas então, não é feriado porquê? "Ah e tal, aquilo no PREC era diferente, ninguém sabia às quantas andava, acordavam militantes dum partido e quando se iam deitar já eram de outro". Porreiro, pá.
Hoje foi feita uma homenagem, que afinal não foi uma homenagem, foi um "tributo" (agora vão ao dicionário ver as diferenças), ao General Ramalho Eanes, o homem que uns tempos depois do 25 de Novembro iria protagonizar uma das cenas mais heróicas da nova política nacional: a famosa pose em cima do carro que já tinha sido atingido por pedras e balas, em Évora, durante a campanha presidencial de '76. O tal que viria a ser o primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril. O primeiro, atrevo-me eu a dizer, a ser eleito, ponto. Se tivermos em conta que os do Estado Novo eram mais mortos que vivos que votavam neles, e nos da Primeira República só os senhores betinhos é que votavam, não diria que foram eleitos, antes "elegidos". Mas isto sou eu, pronto. O General Ramalho Eanes é hoje apontado como um exemplo de cidadania. Não só pela sua longa carreira militar e façanhas políticas, mas sobretudo pela sua postura. Recusou a patente de Marechal afirmando que "não resultaria da promoção a marechal qualquer mais-valia para o país ou para as Forças Armadas". Elucidativo. Devíamos todos seguir o seu exemplo, sobretudo na coerência que ele diz ter (e com o qual eu por acaso concordo).
Se por um lado devia estar agradecido ao na altura Tenente-Coronel Ramalho Eanes, por outro estou profundamente triste por ter acabado com o PREC. Aquilo é que era, caramba. Só as siglas já eram qualquer coisa de extraordinário: havia o COPCON, o MFA, o MDP/CDE, a UDP, a CCRM, CARPML. Dava-se um pontapé numa pedra e aparecia um Comité ou uma Unidade Dinamizadora, ou ainda uma Frente Popular. Com o 25 de Novembro, tudo isso foi pelo cano abaixo. Deve ter sido uma altura bonita, porque toda a gente tinha afiliação política. Agora têm só afiliação. Ah, e armas em casa. Era bonito viver-se numa rua em que os de cima eram de uma extrema, os de baixo da outra extrema, ambos com um arsenal em casa capaz de rebentar com a casa dos parvos que não tinham partido, esses irresponsáveis comunó-fascizóides, dependendo do azimute.
Numa altura de crise, governados por um governo de centro-direita que ostenta mui orgulhosamente uma bandeirinha portuguesa (às vezes de cabeça para baixo) na lapela mas que é incapaz de usar um cravo nas comemorações do 25 de Abril, acho que devíamos reflectir mais na data do 25 de Novembro. Por mim, haveriam as "Comemorações Oficiais do 25 de Abril e do 25 de Novembro" e eram eventos todos os dias durante 7 meses para a malta se divertir a aprender sobre o PREC. Eram mesas redondas com o Otelo e o Portas, pintura de murais versão fascista, workshops de "Como privatizar uma empresa pública e meter camaradas nos Conselhos de Administração" ou de "Como ocupar terras no Ribatejo e Alentejo" ou ainda start-ups de nacionalização de bancos. Havia de ser um regabofe ainda maior do que já é. Porque todas as duas faces têm uma moeda. E as nossas crianças precisam de saber estas coisas para encararem melhor o futuro.
Isto só para dizer à malta de extrema-esquerda e fascizóide para serem amiguinhos sff... Há coisas mais importantes na vida. Por exemplo, aposto que esta semana ainda ninguém cumpriu o seu direito cívico de votar para expulsar um concorrente da Casa dos Segredos. Então estão à espera de quê?


domingo, outubro 20, 2013

V Corrida do Aeroporto

Quem me conhece sabe que não gosto muito de correr. E ainda gosto menos de modas. Mas ultimamente, parece que aderi involuntariamente à moda da corrida, ou aliás, do running. Sim, porque o que está na moda é ser-se runner, não é correr. Correr é para os pobres. Ou para os atletas de alta competição. Na cidade não se corre, runna-se
Só para esclarecer, comecei a correr com mais frequência desde que recomecei a treinar karate com regularidade. Como por causa do trabalho nem sempre posso ir treinar, e como passo semanas sem poder ir aos treinos, resolvi começar a dar umas corridas ao pé de casa nos dias em que não posso ir treinar, para manter a forma. Daí até me inscrever na Corrida do Aeroporto, foi um passinho. Como profissional orgulhoso de trabalhar na bela infra-estrutura que é o Aeroporto de Lisboa, desafiei-me a mim próprio para fazer os 10Km do percurso. De referir que nunca tinha corrido mais de 3 ou 4 quilómetros, sequer, e que não tenho nenhum podómetro, medidor de frequência cardíaca, ou qualquer um desses gadgets modernos cheios de aplicações que nos avisam quando nos cai uma gota de suor, damos um peidinho ou matamos uma pobre caloria à base da pedalada.
O evento já vale a pena só por ter início e fim no Terminal de Carga do Aeroporto de Lisboa, que é uma área de acesso restrito. Embora não tenha movimento ao Domingo, é uma oportunidade única para ver os aviões descolarem na runway 21, ali mesmo à frente do nosso nariz, nem a 50m. Em jeito de benção, saiu um A330 da TAP logo ao início, e passada quase uma hora, quando este vosso amigo já fazia os últimos 300m, o belo e ruidoso Boeing 757 da US Airways fez o seu take-off com destino a Filadélfia.
Quanto ao percurso, depois de sair do Terminal, dirigimo-nos à Alta de Lisboa, contornámos a Pista de Atletismo Prof. Moniz Pereira e descemos depois até à entrada da Quinta das Conchas, onde percorremos os quilómetros 7, 8 e 9, até sairmos de novo para o alcatrão em direcção à meta. Quase plano, apenas as ligeiras subidas após a pista de atletismo, as subidas e descidas no parque com a lama e a gravilha a requererem sempre atenção aonde estávamos a colocar os pés, e o sol que apareceu às 10 em ponto, foram as únicas dificuldades. 
De destacar que estes eventos, para além da actividade em si, nos proporcionam a experiência singular de correr sem trânsito e de ter 1999 camaradas corredores à nossa frente, atrás e ao nosso lado, numa serpente gigantesca que encheu momentaneamente as largas avenidas da Alta de Lisboa.
A organização brindou-nos com a t-shirt e dorsal da praxe, um fantabulástico íman do evento e um saquinho catita com o lanche e recuerdos. De destacar pela negativa só a falta de organização na entrega dos prémios. Ao invés de se entregarem os prémios do 3º para o 1º classificado, inverteram o protocolo. E depois repetiram até à exaustão com os brindes dos patrocinadores, sendo que cada atleta no pódio levava no mínimo 3 pares de beijos da mesma pessoa que lhe ia entregar o troféu, flores, um prémio, outro prémio, enfim, um pouco de amadorismo na parte mais "profissional" da coisa.
Quanto ao meu resultado, que me deixa extremamente orgulhoso, concluí em 1.01'23'' e terminei num honroso 1351º lugar de entre 1943 concorrentes que terminaram. Tendo em conta que parti nos últimos 200 ou 300, não foi nada mau. Fiquei com vontade de repetir a façanha para melhorar o meu tempo. De qualquer modo, e porque começar terminar já é vencer, ficam os meus parabéns a todos quantos participaram neste evento. Na 6ª Corrida do Aeroporto, lá estarei.

domingo, setembro 29, 2013

Autárquicas 2013 - Uma análise objectiva e nada facciosa II

Redondo - O meu Concelho é dos menos emocionantes. É só saber por quantos ganha o MICRE. Mas eles devem estar nervosos, porque por via das dúvidas há material de propaganda (cópias de boletins de voto já com a cruzinha preenchida sugestivamente no partido do regime) nas carrinhas das Juntas que vão recolher e deixar os eleitores mais idosos nas urnas. É a democracia à boa maneira Norte Coreana a trabalhar. Bravo!
Quanto à oposição, prevejo um excelente resultado do meu amigo David Grave, e gostaria sinceramente que fosse eleito vereador. Em segundo dever-se-á manter o PS, possivelmente mantendo ou perdendo alguns votos. O PSD reduz-se à sua insignificância local, tendo como maior mérito o candidato...que é do CDS! A CDU subindo a votação, deverá contar com alguns votos que foram PS e/ou MICRE há quatro anos.
Lisboa - António Costa deverá dar uma real coça num Fernando Seara que representa tudo aquilo que detesto no poder local. Saltitão de Sintra para a capital, com a cagança e soberba que leva a pensar "se sou bom presidente de câmara em local X, sê-lo-ei em qualquer local". Mais que lamentável, desprezível. Interessante será também verificar a disposição e cor do mapa de freguesias da capital depois de mais de metade desaparecerem.
Alandroal - Este Concelho pequeno em população e grande em área tem emoção, pelo menos. Ao contrário do meu, por exemplo. O MUDA, no poder, foi derrubado via Tribunal Constitucional pelo DITA do candidato ex-poder, que perdeu a Câmara há 4 anos por escassos 7 votos. Ora quem vai ficar com o menino nos braços, leia-se ganhar, é a CDU, sendo a incógnita o resultado do PS. Os votantes PS de há quatro e oito anos vão seguir o partido ou o gajo que pagava viagens a Cuba (do Fidel, não a do Alentejo) e bilhetes para a tourada a (quase) toda a gente? Mais logo às 20 saberemos.
Faro - Derreto-me a ver os meus amigos e conhecidos a fazerem campanha pelo PS e PSD locais, muito embora duvide que as suas posições e convicções políticas tenham alguma coisa a ver com algo parecido com ideologia ou o bem da comunidade. O candidato do PSD e actual vereador aparentemente parte em vantagem, mas a gestão camarária nos últimos 16 anos foi alternada entre PS e PSD a casa 4 anos. A juntar o empate técnico das sondagens, serão os indecisos e convertidos de última hora a fazer a diferença. Em Faro não tenho preferidos, mas também não tenho nenhum ódio em particular.
Porto - Ahhh...a grande incógnita do dia, a par talvez, de Sintra e de um ou outro município mais populoso e mediático. O que vale para Seara vale para Menezes, com a agravante deste último ser médico e estragar vidas em vez de as salvar. Mais um saltitão do Coelho que está a roer as unhas enquanto roga pragas ao seu antecessor que acusa de traidor, muito embora tenha sido um dos autarcas mais consensualmente considerado dos melhores dos últimos anos, por apoiar a candidatura independente de Rui Moreira, apoiada pelo CDS, o fulano em quem eu votaria se estivesse recenseado no Porto. Candidato do PS incompreensivelmente fraquinho e desconhecido, um ex-presidente com 2% nas sondagens que seriam muito úteis a qualquer um dos outros candidatos, vale tudo para baralhar as contas. Com o Porto não me comprometo, mas gostava imenso duma vitória de Rui Moreira.
De resto, Sintra (um ex-CDS a reconquistar para o PS a segunda autarquia mais populosa do país?), Loures (a CDU reconquistar com um peso-pesado uma das fronteiras de Lisboa?) e outras continuam em aberto para surpreenderem uns e desiludirem outros depois das contagens! As dos caciques, Oeiras, Gondomar e Felgueiras, deveriam ser case-studies de estupidez popular e bacoquice local, com as candidaturas de estilo estalinista de culto aos NÃO candidatos, impedidos pela lei ou pelas grades de se voltarem a sentar no poleiro.
A nível nacional, a grande vencedora vai ser a CDU (embora não em termos absolutos, obviamente) porque vai voltar aos bons velhos tempos quando recuperar uma boa dúzia de autarquias. Só no Alentejo perspectiva-se que Évora e Beja, capitais de Distrito praticamente dadas como perdidas pelo PS, Alandroal, Grândola, Aljustrel e Vila-Viçosa mudem de cor. O grande perdedor vai ser, obviamente o PSD, com a perda de municípios importantes, capitais de Distrito e não só, sendo que ganhar o Porto por uma unha negra não pemitirá disfarçar um mau resultado (quando digo não permitirá disfarçar, é óbvio que permite porque é o que os líderes partidários melhor fazem no pós-eleições: discursos de vitórias morais mesmo que tenham perdido votos ou não sejam os mais votados). O CDS deverá contar com as já existentes ZERO autarquias e a grande dúvida é se o PS consegue inverter a tendência e reconquistar a maioria de municípios, o que duvido.
Até às 19 podemos decidir em democracia o futuro próximo das nossas comunidades locais! Votem bem, em 2017 o circo volta!








sexta-feira, setembro 13, 2013

Autárquicas 2013 - Uma análise objectiva e nada facciosa com muitos parêntesis (quiçá, demasiados)...

As eleições autárquicas estão à porta (literalmente, porque é ver canetas, flyers, aventais, isqueiros, microondas, alguidares, Boeings737 e capacetes pespegados nos postigos das portas de casa dos eleitores) e estas são, sem dúvida as mais emocionantes que eu tenho memória. (Com muita pena minha, não era nascido nos tempos do PREC).
Por todo o país os que ambicionam o poleiro mais pequeno, o do poder local, mas não o menos influente ou ambicioso, desdobram-se em campanhas, alianças, clivagens e triunviratos políticos tendo como fim um único objectivo: levar o Zé a colocar a cruz no seu quadradinho. Fossem as formas aqui expressas mais arredondadas e isto aproximava-se da pornografia e aí sim, nada batia o nível de interesse e emoção que as autárquicas despertam.
Pese embora dificilmente consiga falar a sério, quanto mais escrever, a opinião que aqui expresso, ou os bitáites que aqui cuspo, foram bastante ponderadas e meticulosamente pensadas após longas horas de reflexão na problemática do poder local tuga.
Para dar a minha opinião geral sobre os partidos, começo à esquerda, o Bloco sai dos blocos de partida como sempre, na frente! Na frente da campanha, na frente da oposição, na frente do inconformismo, na frente do partido que em percentagem mais tem a ganhar: se ganhar duas autarquias, sobe 100%! De resto, o que já vem sendo habitual, muita contestação no que toca à lei (à quê?) da limitação de mandatos, muita malta nova, muita broca enrolada, como se pode ver só pelos slogans de algumas campanhas. A suprema ironia será o Bloco manter a única Câmara que tem: Salvaterra de Magos, uma terra extremamente aficcionada, liderada por um partido anti-touradas. Priceless!
Na CDU, mais do mesmo: avança com toda a confiança. Apesar de em tempos as autarquias terem sido a agência de emprego do partido do dízimo (e dos trabalhadores), os Comunistas e o seu apêndice (Sócrates dix it) embora tenham perdido algum do fôlego dos anos pós-revolucionários, especialmente no Sul e nas grande áreas metropolitanas, parecem cuidar bem do seu jardim (não é uma piada ao Adalberto mas antes uma boca foleira por haver sempre flores a montes nos cartazes da CDU) e as autarquias que detêm actualmente são das mais elogiadas e das com maiores níveis de satisfação dos seus eleitores e residentes. A prova disso são as altas percentagens com que vencem, dignas da União Nacional. Para um partido cuja democracia é um bocado diferente da minha, quando ganham, ganham à grande, sem margem para dúvidas. De salientar que a CDU não apoia nenhum candidato que tenha mais de 3 mandatos, mas apoia um ex-presidente de uma autarquia na candidatura de uma outra, Carlos Pinto de Sá (adoro comunistas de nome burguês) foi Presidente da Câmara de Montemor-o-Novo e é candidato à Câmara de Évora, pelas minhas contas, e continuando pela EN254, em 2021 será candidato à Câmara do Redondo.
O PS, mau grado meu ter um nível de competência na minha concelhia quase tão mau (ou pior) que os senhores que lá estão, tem, a nível nacional, uma postura séria. Tão séria que dificilmente a reconheço ao PS. Os Socialistas não apoiam nenhum candidato com mais de 3 mandatos noutra autarquia, filarmónica, rancho foclórico ou união ciclista. Ponto. É de estadista. E isto preocupa-me, quando um PS na oposição toma posições de estado. Muito preocupante mesmo.
O PSD, bom, querem mesmo que vos diga a minha opinião sobre o PSD? Se calhar é melhor não. O PSD resolve apoiar quem apoia o PSD. Para um partido cuja maior parte dos militantes não paga quotas mas tem as mesmas em dia, faz sentido. Filipe Menezes quer pular o rio para substituir Rio  no Porto, Seara para Lisboa (este vai de IC19, não há rio), Moita Flores para Oeiras (onde, para se tornar corrupto e honrar a história recente da terra, já tem a carreira de criminalista a ajudar) e etc. e tal. Um PSD tremido no poder, tem o poder interno a soldo. As concelhias candidatam um, o partido chumba o nome e vice-versa e quanto à gramática da cena (agora já não lhe chamei lei) da limitação de mandatos, isso é pra menino, até porque quando se fez a lei era precisamente isto que se pretendia: trocar as cadeiras somente, porque isso de deixar o poder é coisa que o Povinho não compreende o quão difícil é...
Bom, o CDS já não é o partido do táxi. É mais o dos transfers. Com o seu líder irrevogável acomodado no trono do Largo do Caldas, tudo o que vier à rede é peixe. Já lá vão os anos em que em que Ponte de Lima e Vila Verde, no verde Minho, eram bastiões centristas. O Partido de Portas (PP) apoia uns quantos candidatos a reboque do PSD, para, como no caso do governo, quando for hora de abandonar o barco suspirarem "com estes cabeças de lista, eu sabia que isto ia dar merda...".
Uma palavra de apreço gigante para os pequenos partidos que dão cor e ridículo a estas eleições. Desde o candidato do PTP de Gaia, a todos os candidatos e militantes do PNR e do PAN, o meu grande obrigado a todos eles. Se não fossem eles, isto não se tornaria tão divertido.
Em relação às autarquias que mais respeito me dizem, uns pequenos apontamentos. Neste momento resido em Lisboa, que é o quarto Concelho onde já vivi. Num deles, capital de distrito, vamos para o 5º (!!!!!!) presidente de câmara em 5 (!!!!!!!!) mandatos, e com partidos alternados. Isto é, PS, PSD, PS, PSD e...mistério! Falo de Faro, onde vivi 7 anos. Os Farenses não são o povo mais sofisticado que há, mas da hora do voto, sabem sobretudo castigar. Atitude louvável, quanto a mim, pois à falta de melhor, salta fora. Já mereciam uma equipa digna e honesta, os eleitores de Osonoba. No Concelho onde voto, o Persistente da Câmara só vai deixar de o ser porque a tal coisa da limitação assim o obriga. Se não, bateria o record de Salazares, Fidéis, Estalines, Yong-Ils e afins, todos juntos. Em Portimão, um PS fortíssimo em território mais ou menos hostil, deixa uma autarquia endividada mas com obra feita. Mal ou bem, Manuel da Luz ("herdeiro" do malogrado Nuno Mergulhão) colocou Portimão no mapa, desenvolveu a cidade e embora de maneira muito discutível, proporcionou aos seus eleitores e residente um nível de vida bastante razoável quando comparado com outras cidades maiores. Em Lisboa, espero sinceramente que António Costa ganhe só pela simples razão que isso implica que Fernando Seara perca. Primeiro porque vivo mesmo por baixo da Judite e desconfio de um gajo que já dormiu com ela. E depois porque é um dos saltitões do PSD que por mim podiam era saltar da ponte. Vivo cá há pouco menos de um ano e é tempo insuficiente para avaliar convenientemente o trabalho de uma autarquia destas dimensões, mas no geral, oiço mais elogios que críticas ao trabalho de António Costa que, a meu ver, teve um grande mérito, puxar para o seu lado dois dos seus antigos opositores, de credibilidade reconhecida: Helena Roseta e Sá Fernandes. De resto, Lisboa vai passar de 53 para 24 freguesias, perdendo 30 e ganhando uma (Oriente/Parque das Nações) pelo que vai ser engraçado observar as fusões de freguesias de diferentes partidos, a minha por exemplo (S. Jorge de Arroios) é PSD e vai fundir-se com outra PSD, Anjos, e uma PS, Pena. 
Agora, camaradas, e como diria a Serenella, "Dia 29 anda à roda!". Votem bem: não votem MICRE!"